Economia

O dólar se aproxima de R$ 6,10 devido às tarifas da China, enquanto as bolsas internacionais registram queda

Nesta quarta-feira (9), o dólar à vista experimentou uma forte alta, se aproximando dos R$ 6,10, à medida que os investidores reagiam ao agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. O anúncio da China de novas retaliações contra as tarifas impostas pelos EUA elevou as preocupações sobre uma escalada do conflito comercial.

Dólar e Ibovespa Reagem às Tensões Comerciais

Às 10h26, o dólar à vista registrava uma valorização de 0,8%, atingindo R$ 6,05 na venda, com a moeda norte-americana atingindo o pico de R$ 6,09. O movimento reflete a crescente cautela no mercado financeiro global, que se vê diante de uma incerteza econômica alimentada pelas políticas comerciais de Donald Trump. No mesmo horário, o Ibovespa, índice da bolsa brasileira, mostrava queda de 0,33%, com 123.520 pontos.

Na véspera, o dólar já havia apresentado um salto significativo de 1,49%, fechando em R$ 5,9985, o maior valor de fechamento desde janeiro de 2023.

O Impacto das Tarifas Recíprocas de Trump

A principal razão por trás da volatilidade no mercado de câmbio e nas bolsas está na implementação das tarifas “recíprocas” entre os Estados Unidos e a China. As medidas anunciadas por Trump na semana passada começaram a entrar em vigor na madrugada de quarta-feira, colocando os investidores em alerta para os impactos econômicos de um possível agravamento da guerra comercial.

As tensões comerciais também afetaram bolsas europeias e asiáticas. Na Europa, o índice Stoxx 600 caiu 3,46%, com perdas expressivas nos setores farmacêutico, de mineração e bancário. Por outro lado, os mercados da Ásia, especialmente China e Hong Kong, mostraram recuperação, com os índices CSI300 e Hang Seng apresentando altas de 0,99% e 0,68%, respectivamente.

A Ameaça de uma Guerra Comercial Global

O aumento das tarifas por parte dos EUA e as retaliações da China geraram temores de que uma guerra comercial global possa se instaurar, com impactos não só nas duas maiores economias do mundo, mas também em outros países que poderiam ser afetados por uma aceleração da inflação ou recessões econômicas.

Embora as relações entre China e EUA se deteriorem, outros países, como Japão e União Europeia, estão optando por um caminho de negociação, tentando evitar retaliações imediatas. No entanto, as tentativas de aliviar as tensões comerciais fora da Ásia não têm sido suficientes para conter a preocupação generalizada no mercado global.

Análise de Mercado e Perspectivas para os Investidores

De acordo com Leonel Oliveira Mattos, analista de inteligência de mercado da Stonex, o impacto das políticas comerciais de Trump nas duas maiores economias globais não pode ser subestimado. “São as duas maiores economias globais, e que até pouco tempo atrás eram bastante integradas em suas cadeias produtivas. Então, é difícil subestimar o potencial de mudança e de problemas, de dificuldades econômicas que uma mudança desse calibre possa trazer para a economia global”, comentou.

À tarde, os investidores estarão atentos à ata da reunião de março do Federal Reserve, que pode oferecer pistas sobre como as autoridades norte-americanas estão avaliando o impacto da política comercial em sua economia.

O Cenário Econômico no Brasil

No Brasil, os dados econômicos também influenciaram o comportamento do mercado. O IBGE divulgou que, após 12 meses consecutivos de alta, os preços ao produtor no país apresentaram uma leve queda de 0,12% em fevereiro. Além disso, as vendas no varejo cresceram 0,5% em fevereiro em relação ao mês anterior, refletindo uma leve recuperação da atividade econômica.

O dólar, em relação a uma cesta de seis divisas principais, também apresentou uma queda de 0,79%, enquanto os investidores continuam atentos aos reflexos da guerra comercial nos mercados globais.

Conclusão

A situação comercial entre os EUA e China continua a ser um dos principais fatores que afetam o comportamento dos mercados financeiros em 2025. As tensões entre as duas potências mundiais geram volatilidade nas bolsas e no câmbio, com o dólar experimentando uma alta expressiva e o Ibovespa registrando queda. A incerteza global, agravada pelas tarifas de Trump, coloca os investidores em modo de cautela, enquanto o mercado aguarda os próximos desenvolvimentos nas negociações comerciais e na política monetária do Federal Reserve.

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