Economia

Tarifaço pode deixar mais café no Brasil, mas preço na xícara deve continuar alto

A nova rodada da guerra comercial entre Estados Unidos e China pode ter um efeito inesperado no Brasil: mais café disponível no mercado interno. O motivo? A tarifa extra imposta pelos chineses ao café americano pode fazer com que o Brasil, maior produtor mundial, volte a ser mais competitivo no país asiático. Ainda assim, para o consumidor brasileiro, isso não deve significar preços menores na xícara.

A China anunciou um aumento nas tarifas sobre centenas de produtos americanos, como retaliação à decisão recente do ex-presidente Donald Trump de aumentar as taxas sobre bens chineses em até 50%. Entre os itens afetados está o café, o que impacta diretamente o mercado global da bebida.

Mais café por aqui?

Com os embarques brasileiros ficando menos atrativos para a China — diante de uma concorrência mais cara dos EUA — pode haver uma redução temporária nas exportações brasileiras para aquele país, redirecionando parte da produção para o mercado doméstico. Isso, em tese, aumentaria a oferta interna, o que costuma significar alívio nos preços.

Mas, segundo analistas do setor, o impacto deve ser pequeno.

“A maior parte da produção brasileira já está contratada, principalmente para Europa e EUA. O espaço deixado pela China seria limitado, e boa parte do excedente pode ser redirecionado para outros compradores asiáticos”, explica Tiago Rezende, especialista em mercado de commodities.

Por que o preço não vai cair?

Mesmo com mais café disponível por aqui, o preço ao consumidor final deve seguir alto por vários motivos:

  • Custos de produção ainda elevados, com fertilizantes e energia pesando no bolso do produtor.
  • Logística e distribuição continuam pressionadas, principalmente após o aumento do diesel.
  • Margens dos intermediários (torrefadoras e cafeterias) ainda estão sendo ajustadas após os picos de inflação de anos anteriores.

Além disso, o Brasil vive um momento de demanda aquecida por cafés especiais, especialmente nos grandes centros urbanos. E este tipo de café, mais valorizado, tende a manter preços firmes independentemente da movimentação do mercado externo.

Café pode subir ainda mais?

Existe também o risco contrário. Caso a guerra comercial se intensifique, ela pode desencadear incertezas e especulações no mercado futuro de commodities, pressionando os preços globais do café. Com menos previsibilidade, o produtor tende a reter estoques ou ajustar preços, o que pode acabar elevando o valor do produto aqui dentro, em vez de baixar.


Resumo:
O “tarifaço” de China e EUA pode, sim, mudar o fluxo do café brasileiro no curto prazo, com mais sacas permanecendo no país. Mas, na prática, o consumidor brasileiro não deve sentir alívio no bolso, pois os preços seguem pressionados por fatores internos e externos. Para quem ama um bom cafezinho, a dica é continuar pesquisando — e talvez torcer por promoções locais.

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