Nova tarifa de Trump à China cria turbulência mundial e respinga no Brasil
A nova ofensiva comercial anunciada pelo ex-presidente Donald Trump contra a China está provocando ondas de instabilidade nos mercados globais e já tem efeitos sentidos no Brasil. Em mais uma demonstração do tom agressivo que pretende adotar em uma eventual volta à Casa Branca, Trump prometeu elevar em até 50% as tarifas sobre produtos chineses, o que acendeu alertas em todo o sistema financeiro internacional.
A medida, que visa atingir setores estratégicos como tecnologia, aço, eletrônicos e automóveis, reacende os temores de uma guerra comercial semelhante à travada durante seu primeiro mandato. Em 2018 e 2019, a tensão tarifária entre EUA e China já havia provocado forte volatilidade nas bolsas, além de afetar cadeias produtivas em diversos países — especialmente os emergentes.
Mercados em alerta
A reação foi imediata: bolsas da Ásia, Europa e América Latina fecharam em queda acentuada, e o dólar disparou frente a moedas de países em desenvolvimento. No Brasil, o Ibovespa recuou mais de 2% nesta segunda-feira (7), enquanto o dólar ultrapassou os R$ 5,30, influenciado também pela piora no apetite ao risco global.
Analistas apontam que o Brasil é especialmente sensível a esse tipo de choque externo, uma vez que depende fortemente de exportações de commodities para China e de investimentos internacionais em sua bolsa e títulos da dívida. Com a possibilidade de desaceleração na economia chinesa em resposta às novas tarifas, o preço de produtos como minério de ferro e soja já começou a cair nos mercados internacionais, afetando diretamente a balança comercial brasileira.
Governo monitora com preocupação
Fontes do Ministério da Fazenda e do Itamaraty confirmaram que o governo brasileiro está acompanhando com atenção os desdobramentos do anúncio de Trump. Ainda que o republicano não esteja no poder, seu favoritismo nas primárias e nas pesquisas contra Joe Biden já faz com que o mercado antecipe os efeitos de uma eventual vitória republicana nas eleições presidenciais de novembro.
“Se essas medidas realmente forem implementadas em um futuro governo Trump, o impacto para o Brasil será considerável. Nossa economia está exposta tanto ao comércio com a China quanto à oscilação nos fluxos de capitais externos”, avaliou um diplomata envolvido nas negociações comerciais.
Alerta para exportadores brasileiros
Exportadores brasileiros de soja, carne e minério estão em estado de alerta, já que uma eventual desaceleração da economia chinesa pode reduzir a demanda por esses produtos. Além disso, a valorização do dólar encarece importações e pode pressionar a inflação interna, obrigando o Banco Central a reavaliar os rumos da política de juros.
“É mais uma nuvem no horizonte de um cenário que já vinha instável, com juros altos nos EUA, desaceleração global e incertezas políticas internas”, afirma Mariana Vieira, economista da Tendências Consultoria.
Impacto político
No campo político, a medida reforça o tom protecionista da campanha de Trump, que volta a usar a China como um dos principais alvos de seus discursos. Internamente, o tema também pode influenciar o debate brasileiro sobre reindustrialização, acordos comerciais e proteção ao setor produtivo nacional.
Enquanto o mundo aguarda os próximos movimentos da guerra comercial que se desenha, o Brasil se vê novamente no centro de um tabuleiro onde não é protagonista, mas sentirá os efeitos — para o bem ou para o mal.
Se quiser, posso preparar uma análise específica sobre o impacto no agronegócio ou sugerir medidas que o Brasil poderia adotar para reduzir a exposição a esse tipo de choque.