Bitcoin atinge menor valor desde novembro: ainda vale a pena investir? Especialistas avaliam cenário
O Bitcoin, maior criptomoeda do mundo, voltou a chamar atenção nesta semana ao atingir seu menor valor desde novembro de 2024, sendo negociado abaixo dos US$ 52 mil (cerca de R$ 260 mil). A queda acumulada nas últimas semanas ultrapassa os 18%, refletindo um momento de tensão nos mercados globais — marcado por incertezas geopolíticas, aumento da aversão ao risco e sinais de que o Federal Reserve pode manter os juros altos por mais tempo nos Estados Unidos.
Diante dessa desvalorização, muitos investidores se perguntam: a queda representa uma oportunidade de entrada ou é um alerta para fugir da volatilidade? Especialistas ouvidos por diferentes portais financeiros e relatórios de corretoras enxergam um cenário dividido.
Por que o Bitcoin está caindo?
Vários fatores explicam a recente queda do Bitcoin:
- Alta dos juros nos EUA: Com a inflação ainda pressionada, o Fed sinalizou que não deve cortar juros tão cedo. Isso torna ativos mais seguros, como títulos do Tesouro americano, mais atrativos e reduz o apetite por criptomoedas.
- Saída de capital dos ETFs de Bitcoin: Após o forte movimento de entrada em ETFs de Bitcoin à vista no início do ano, grandes investidores começaram a realizar lucros, contribuindo para a pressão vendedora.
- Tensão geopolítica: Conflitos entre Rússia e Ucrânia, instabilidade no Oriente Médio e o temor de uma escalada entre China e EUA afetam diretamente o apetite ao risco dos mercados globais.
- Regulação mais rígida: A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e outras entidades reguladoras intensificaram o cerco contra plataformas e tokens, o que gera incertezas sobre o futuro do mercado cripto.
Ainda vale a pena investir em Bitcoin?
Depende do perfil de investidor, dizem analistas. Para os mais conservadores, o momento exige cautela, especialmente se não houver uma estratégia clara de alocação. Mas para os que acreditam no longo prazo e conseguem lidar com a alta volatilidade, a queda pode ser vista como uma janela de oportunidade.
“O Bitcoin já provou, ao longo dos anos, que pode cair 50% ou mais e depois se recuperar. O ideal é investir com visão de longo prazo e não tentar prever topos e fundos”, afirma Marina Almeida, analista da QR Asset.
Outro ponto a se considerar é o histórico do halving, evento que ocorreu em abril de 2024 e que tradicionalmente impacta a oferta da moeda. Historicamente, o Bitcoin costuma subir nos meses seguintes ao halving, embora esse padrão não seja garantia de repetição.
Estratégias recomendadas
Especialistas sugerem as seguintes abordagens para quem quer investir agora:
- Alocação fracionada: Investir aos poucos (estratégia conhecida como “DCA”, ou Dollar Cost Averaging), diluindo riscos.
- Diversificação: Nunca aplicar mais do que 5% a 10% do patrimônio total em criptoativos.
- Gestão de risco: Definir stop-loss ou objetivos de lucro claros para evitar decisões emocionais em momentos de queda.
E o futuro?
Apesar da fase de baixa, a maioria dos analistas permanece otimista com o médio e longo prazo. Grandes instituições financeiras, como BlackRock e Fidelity, seguem investindo em infraestrutura e produtos ligados ao Bitcoin, o que indica confiança na maturação do mercado.
Além disso, a adoção institucional continua crescendo em países como El Salvador e Emirados Árabes, e empresas de tecnologia também seguem incorporando o BTC em suas estratégias de reserva de valor ou inovação financeira.
Conclusão:
Para quem tem perfil arrojado, visão de longo prazo e tolerância a oscilações, o momento pode sim ser atrativo. Mas é fundamental entrar no mercado com informação, estratégia e limites bem definidos — o Bitcoin não é uma aposta, é uma alocação de risco.