Apostas em bets podem chegar a R$ 30 bilhões por mês em 2025, aponta estudo
O mercado de apostas esportivas no Brasil segue em franca expansão e deve alcançar R$ 30 bilhões por mês em movimentações financeiras já em 2025, segundo projeções do Instituto Brasileiro Jogo Legal (IJL) e dados reunidos por consultorias especializadas no setor. O número, que hoje já impressiona — cerca de R$ 12 bilhões mensais em 2024 — pode mais do que dobrar em menos de um ano, impulsionado por novos regulamentos, maior presença das casas de apostas e o interesse cada vez maior da população.
Com a regulamentação federal sancionada no fim de 2023 e as primeiras licenças para operação oficial no país sendo concedidas desde o início de 2024, o ambiente ficou mais atrativo para empresas nacionais e internacionais. A formalização do setor trouxe não apenas segurança jurídica, mas também a expectativa de um novo ciclo de arrecadação de tributos e investimentos no esporte, na publicidade e até na tecnologia de prevenção a fraudes.
Auge das “bets” no cotidiano brasileiro
As apostas esportivas, conhecidas popularmente como “bets”, passaram a fazer parte da rotina de milhões de brasileiros. Estão presentes em transmissões de futebol, nos uniformes de clubes da Série A, nas redes sociais e até nas conversas de bar. Segundo levantamento da Datafolha, 1 em cada 5 brasileiros adultos já fez ao menos uma aposta em plataformas online, sendo que a maioria tem entre 18 e 35 anos.
Boa parte da popularidade está ligada à facilidade de acesso via celular, à gamificação das plataformas e às promessas de lucros rápidos. Estimativas apontam que, só em 2024, mais de 400 sites e aplicativos já operavam no país, ainda que muitos estivessem sediados no exterior antes da regulamentação.
Governo quer tributar e fiscalizar
Com o crescimento acelerado do setor, o governo federal tem olhado para as apostas esportivas como uma nova e relevante fonte de arrecadação. A lei sancionada em 2023 estabeleceu regras para a concessão de licenças e definiu uma carga tributária para empresas e apostadores. A expectativa é que a regulamentação gere mais de R$ 12 bilhões em receitas tributárias por ano.
Além disso, órgãos como a Receita Federal, o Banco Central e o Ministério da Fazenda articulam a criação de sistemas integrados de monitoramento para combater lavagem de dinheiro, evasão fiscal e proteger consumidores de fraudes ou vícios.
Clubes, atletas e empresas já surfam a onda
O impacto das “bets” no esporte é visível. Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, 18 têm patrocínios diretos ou indiretos ligados a casas de apostas. Estima-se que, apenas em contratos de patrocínio com clubes e federações, o setor tenha injetado cerca de R$ 600 milhões em 2024, com potencial para ultrapassar a marca de R$ 1 bilhão no próximo ano.
Atletas e influenciadores também são frequentemente utilizados em campanhas publicitárias. Enquanto isso, startups de tecnologia vêm surgindo para oferecer soluções em transparência, verificação de apostas suspeitas e compliance.
Preocupações com vício e endividamento
Apesar do avanço e do potencial econômico, especialistas alertam para os riscos sociais e psicológicos do crescimento desordenado das apostas. Casos de vício, endividamento e até manipulação de resultados têm sido relatados, e há uma pressão crescente para que parte da arrecadação com tributos seja destinada a campanhas de conscientização e tratamento para ludopatia — o vício patológico em jogos de azar.
Para o sociólogo Carlos Novaes, da PUC-SP, “o país precisa aprender com erros cometidos em outros mercados, como o Reino Unido, onde a falta de controle levou a uma epidemia de jogadores compulsivos”. Ele defende que o Brasil crie uma agência reguladora autônoma e política pública permanente para o setor.
O futuro das “bets” no Brasil
Se mantido o ritmo atual, o Brasil pode se tornar o maior mercado de apostas da América Latina já em 2025. O desafio será equilibrar o crescimento econômico com responsabilidade social, transparência e proteção dos consumidores.
Enquanto isso, a expectativa de movimentar R$ 30 bilhões mensais acende o alerta: trata-se de um gigante que se consolida rapidamente, e que precisa ser tratado com o devido cuidado — tanto pelo Estado quanto pela sociedade.