Alta frequência de perda total em carros de luxo levanta alerta entre seguradoras
Nos últimos anos, um fenômeno tem chamado a atenção do mercado automotivo e, principalmente, das seguradoras: o aumento significativo dos casos de perda total em carros de luxo. Modelos como BMW, Audi, Porsche, Land Rover e Mercedes-Benz estão com estatísticas preocupantes de sinistros que resultam no descarte completo do veículo, mesmo em colisões que não aparentam danos tão severos.
Segundo especialistas do setor, essa tendência não está relacionada apenas à gravidade dos acidentes, mas sim ao alto custo das peças de reposição e da mão de obra especializada. Em muitos casos, o orçamento para reparo ultrapassa 75% do valor do automóvel, o que, segundo as regras das seguradoras, já caracteriza a perda total.
Outro fator que tem influenciado é a tecnologia embarcada nesses veículos. Sensores de assistência à condução, radares, câmeras de 360 graus, sistemas de suspensão inteligente e baterias de carros híbridos ou elétricos encarecem significativamente qualquer reparo. Mesmo colisões frontais ou laterais de média intensidade acabam exigindo substituições complexas e caras.
Além disso, o cenário de inflação automotiva e a dificuldade de importação de peças agravam ainda mais a situação. Com o dólar alto e longos prazos de entrega, muitas seguradoras preferem indenizar o cliente do que manter o carro parado por meses aguardando conserto.
Nas oficinas especializadas, relatos são cada vez mais comuns de veículos de luxo com baixa quilometragem e poucos anos de uso indo diretamente para leilões. Isso impacta também o mercado de carros usados, que vem sendo abastecido por modelos sinistrados, muitos deles recondicionados e revendidos por preços abaixo da tabela.
Para os donos desses veículos, a orientação é clara: revisar com atenção a cobertura da apólice, incluir cláusulas de carro reserva e considerar a possibilidade de seguro com cobertura de valor de mercado referenciado ou valor determinado, especialmente para carros de alto padrão.
O fenômeno da perda total virou uma realidade frequente — e dispendiosa — que desafia tanto consumidores quanto seguradoras. Enquanto isso, o risco de ver um carro de R$ 500 mil virar sucata por um farol quebrado só cresce.