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Lindbergh Farias diz que ato pró-anistia teve efeito contrário e deve enterrar projeto na Câmara

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) avaliou que o ato promovido por apoiadores da anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 teve efeito reverso ao desejado pelos organizadores. Segundo ele, a mobilização acabou reforçando a rejeição ao projeto na Câmara dos Deputados e pode ser o fator decisivo para que a proposta não avance no Congresso.

O protesto, que ocorreu em Brasília e contou com parlamentares bolsonaristas e familiares de presos pelos ataques às sedes dos Três Poderes, buscava pressionar os congressistas a aprovar uma proposta de anistia para os envolvidos. Cartazes, discursos inflamados e palavras de ordem tomaram conta da Esplanada dos Ministérios, onde o grupo se reuniu pedindo o “perdão” aos condenados.

No entanto, para Lindbergh, o ato teve um efeito colateral importante. “Eles tentaram transformar golpistas em vítimas e isso não cola. O que vimos foi uma tentativa clara de intimidar o Parlamento e fazer chantagem emocional. Mas o Brasil já compreendeu o que foi aquele 8 de janeiro. Foi uma tentativa de golpe, e não há espaço para anistia”, afirmou o deputado.

Farias ainda destacou que diversos parlamentares, inclusive de partidos de centro e direita, se mostraram incomodados com o tom adotado pelos organizadores. “A pressão foi tão exagerada que acabou unindo diferentes correntes políticas contra o projeto. Muitos que poderiam ficar em silêncio passaram a se posicionar contra”, completou.

Para o parlamentar, o caminho agora é intensificar o debate público sobre a gravidade dos atos de janeiro e garantir que os responsáveis sejam punidos conforme o rigor da lei. “O país precisa dar um exemplo. O ataque às instituições não pode ser tratado com leniência. Quem tentou destruir a democracia precisa responder por isso.”

O projeto de anistia ainda está em fase de análise e, embora tenha apoio de alguns deputados bolsonaristas, encontra resistência crescente no Congresso, especialmente após os julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) que resultaram em condenações firmes para participantes dos atos.

Nos bastidores, comenta-se que a própria base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro já admite a dificuldade de avançar com o texto, diante do desgaste provocado pelos próprios atos públicos em defesa da medida. O temor é de que a insistência no projeto acabe isolando ainda mais o grupo e fragilizando sua atuação no Legislativo.

Com o aumento das tensões políticas e o cerco jurídico aos envolvidos nos atos antidemocráticos, o tema da anistia deve continuar sendo foco de debates nos próximos meses — mas, segundo Lindbergh e outros líderes da base governista, o destino do projeto parece selado: será enterrado pelo próprio Congresso.

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