Bolsonaro adota postura de rendição diante de julgamento e acena a aliados, avalia analista
O ex-presidente Jair Bolsonaro parece ter mudado de estratégia e adotado uma postura de rendição diante dos julgamentos que envolvem seu nome no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A avaliação, segundo analistas políticos, é de que Bolsonaro estaria “jogando a toalha”, buscando suavizar o impacto político e jurídico das decisões que podem inviabilizar de vez seu retorno à vida pública.
Nos bastidores, a leitura é de que o ex-presidente passou a adotar um discurso menos confrontador, ao mesmo tempo em que procura se aproximar de parlamentares aliados e da própria base conservadora com o objetivo de manter viva sua influência política — mesmo que, pessoalmente, esteja fora das disputas eleitorais pelos próximos anos.
Essa movimentação teria ficado evidente nos últimos dias, em falas nas quais Bolsonaro evita ataques diretos às instituições e passa a enfatizar sua figura como “perseguido político” e símbolo de resistência da direita brasileira. Para analistas, trata-se de uma estratégia para manter a militância mobilizada, mesmo diante de uma possível inelegibilidade definitiva e do avanço de processos criminais.
A mudança de tom também pode ter ligação direta com os sinais do Judiciário, que vem endurecendo as punições contra participantes dos atos de 8 de janeiro e dando seguimento a investigações mais profundas envolvendo o núcleo político do bolsonarismo. Bolsonaro, neste cenário, estaria tentando blindar seus aliados e familiares ao assumir, politicamente, a linha de frente das narrativas.
“Ele não vai mais para o enfrentamento direto como antes. Isso não significa que está recuando em sua ideologia, mas que entendeu que, juridicamente, não há mais muito a ser feito no curto prazo. A tática agora é sobreviver politicamente fora das urnas”, avaliou um cientista político ouvido por nossa reportagem.
Outro ponto importante é o movimento de Bolsonaro em fortalecer pré-candidaturas de nomes do seu campo político para as eleições de 2026. Ao admitir a possibilidade de não concorrer, ele busca transferir seu capital eleitoral a outros nomes, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, figuras constantemente lembradas em seus discursos.
O ex-presidente também tem limitado sua participação em manifestações públicas, dando espaço para seus advogados e parlamentares mais próximos ocuparem os holofotes. Segundo aliados, Bolsonaro “espera em silêncio” os desdobramentos jurídicos enquanto reorganiza sua atuação nos bastidores.
Em resumo, a percepção cada vez mais clara é de que Jair Bolsonaro estaria ajustando sua estratégia para um novo papel na política: o de liderança simbólica e articulador nos bastidores, ciente de que seu protagonismo direto pode estar com os dias contados — mas determinado a manter acesa a chama do bolsonarismo.