Na Câmara, Galípolo recebe apelos de deputados para diminuir a taxa de juros
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, participou de uma sessão especial na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (1°) para comemorar o aniversário de 60 anos da autoridade monetária. Durante o evento, parlamentares aproveitaram a ocasião para fazer apelos pela redução da taxa básica de juros, que atualmente está em 14,25% ao ano. A taxa, considerada uma das mais altas do mundo, tem gerado preocupações, especialmente entre setores produtivos, como o agronegócio.
Apelos dos Deputados pela Redução da Selic
Entre os deputados que se manifestaram, o deputado Heitor Schuch (PSB-RS) destacou os impactos da alta taxa de juros, especialmente no setor agrícola. Schuch mencionou que, na última feira de agricultura familiar em Rio Pardo, não houve vendas significativas devido à falta de interesse de compradores, que não se sentem confiantes em adquirir máquinas com juros elevados de 15%. O parlamentar enfatizou que a situação do agronegócio é “dramática” e pediu a ampliação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), que visa ajudar produtores em dificuldades.
Outro deputado, Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), também se manifestou contra os altos juros, considerando a taxa de 14,25% “inaceitável”. Hauly argumentou que, com uma moeda forte e uma média de inflação controlada desde o Plano Real, a taxa de juros deveria ser reduzida para cerca de 7%. O parlamentar pediu mudanças na política monetária e criticou a continuidade das metodologias de gestão adotadas pelo ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacando que Galípolo, nomeado pelo presidente Lula, deveria buscar alternativas para uma taxa mais equilibrada.
A Resposta de Galípolo: A Necessidade de Explicar a Política Monetária
Em sua fala, Gabriel Galípolo reconheceu as críticas e os apelos, mas destacou a importância de manter o controle sobre a inflação. Ele lembrou os picos inflacionários que o Brasil enfrentou entre 1980 e 1994 e a relevância do papel do Banco Central na estabilização da economia. Segundo Galípolo, é “bem-vindo” e “essencial” que a discussão sobre a política monetária seja mais amplamente debatida no espaço público, especialmente para esclarecer os motivos por trás das decisões do BC.
Galípolo também recordou a decisão recente do Banco Central de aumentar a Selic em 1 ponto percentual, levando a taxa a 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016. A medida foi tomada com o objetivo de conter a inflação, um tema reforçado por Henrique Meirelles, ex-presidente do BC e ex-ministro da Fazenda, que também esteve presente na sessão.
O Contexto da Alta da Taxa de Juros
A recente alta da taxa de juros, em março, foi a quinta consecutiva e tem gerado impacto no crédito e no consumo. A decisão de elevar a Selic tem sido amplamente discutida, visto que ela visa controlar a inflação, mas, ao mesmo tempo, compromete o crescimento econômico, especialmente em setores como o agronegócio, que dependem de crédito mais acessível. A pressão dos parlamentares pela redução da taxa de juros reflete o desconforto de setores produtivos que enfrentam dificuldades diante da política monetária mais restritiva.
Conclusão
O debate sobre a taxa de juros no Brasil está longe de ser resolvido. Enquanto o Banco Central defende a necessidade de manter as altas taxas para controlar a inflação, setores como o agronegócio pedem uma redução para estimular a economia. A reação dos deputados e a postura de Galípolo indicam que a discussão sobre a política monetária continuará sendo um tema central no Brasil nos próximos meses. O desafio de equilibrar o controle da inflação com o fomento ao crescimento econômico será crucial para as futuras decisões do Banco Central e para o cenário político e econômico do país.