Liderança do PT acredita que oposição ainda não possui votos suficientes para aprovação da anistia
A disputa pela aprovação do projeto de lei que visa a anistia dos condenados pelos ataques de 8 de janeiro continua polarizando a Câmara dos Deputados. O Partido dos Trabalhadores (PT), por meio de sua liderança, avaliou, até a noite de segunda-feira (31), que o apoio à proposta não ultrapassaria 200 votos entre os 513 deputados da Casa. Em contraste, o líder do Partido Liberal (PL), Sóstenes Cavalcante (RJ), alega que já possui pelo menos 309 votos favoráveis, um número superior ao mínimo necessário de 257 para que o projeto seja aprovado.
A Visão do PT: Ceticismo sobre os Números do PL
A avaliação do PT, segundo o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), é de ceticismo quanto aos números apresentados pelo PL. Guimarães minimizou as declarações de Cavalcante e afirmou que “isso é fogo de palha”. Para os petistas, quem está falando tanto sobre votos provavelmente não os tem em número suficiente para garantir a aprovação do texto. Além disso, as lideranças do PT acreditam que o PL, que possui 92 deputados, conta com o apoio real apenas de uma parte do Progressistas (PP), Republicanos e União Brasil. O PSD, importante legenda no Congresso, não entra nos cálculos do PT.
O Projeto e Suas Implicações Políticas
O projeto de anistia proposto pelo PL visa absolver os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 e outros crimes correlatos. Contudo, para a base governista, a verdadeira intenção por trás da proposta seria garantir imunidade a uma possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que responde atualmente a um processo relacionado à tentativa de golpe de Estado.
Tramitação do Projeto: Pressão e Controvérsias
Com a urgência da aprovação, o PL planeja levar o projeto ao plenário já na próxima semana. No entanto, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não se manifestou oficialmente sobre a forma como a matéria será tratada. Uma das possibilidades seria reativar a comissão especial proposta no final do ano passado, mas que não chegou a funcionar. O PT, no entanto, é contra essa ideia, e defende que o texto nem sequer passe pela comissão.
Há também uma preocupação com a repercussão do avanço do projeto, especialmente em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para muitos petistas, a tramitação do projeto, seja na comissão especial ou no plenário, representaria uma afronta à instituição, principalmente considerando os julgamentos em andamento relacionados à tentativa de golpe.
Dúvidas sobre a Postura de Hugo Motta e Davi Alcolumbre
Além disso, persiste a dúvida sobre a postura de Hugo Motta, que ainda não se comprometeu publicamente com a aprovação do projeto. Outro fator que pesa sobre a discussão é a posição do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que, até o momento, não se manifestou sobre o assunto. A falta de uma posição clara de Alcolumbre gera incertezas sobre o apoio da Casa alta do Congresso ao projeto.
Conclusão
O futuro do projeto de anistia permanece indefinido, com uma clara divisão entre as lideranças do PT e do PL. Enquanto o PL aposta no apoio crescente à sua proposta, o PT acredita que a oposição ainda carece de votos suficientes para garantir sua aprovação. Em meio a essas divergências, a tramitação do projeto deve continuar gerando tensões no Congresso, com foco nas alianças partidárias e no impacto que a medida teria sobre a imagem das instituições brasileiras. O desenrolar dos próximos dias será crucial para definir o rumo dessa disputa política.