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As acusações do governo Trump contra o Brasil antes do dia do aumento de tarifas global

Na véspera de um esperado anúncio de novas tarifas que serão impostas pelo governo de Donald Trump, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos (USTR) divulgou um relatório detalhado sobre as práticas comerciais de diversos países. O Brasil, em particular, foi destacado por sua “falta de previsibilidade” no comércio internacional. Esse relatório foi publicado no dia 31 de março de 2025 e descreve as principais barreiras comerciais enfrentadas pelos exportadores americanos, incluindo as que envolvem o Brasil.

“Dia da Libertação da América” e o Impacto Global

Trump está prestes a anunciar um aumento significativo nas tarifas de importação em uma ação que visa, segundo ele, corrigir o desequilíbrio comercial com vários países, incluindo o Brasil. O “Dia da Libertação da América”, como o presidente chamou essa data, promete ser um marco na política econômica dos Estados Unidos. O movimento gerou nervosismo global, com mercados financeiros reagindo negativamente e o temor de uma guerra comercial aumentando.

O Brasil no Relatório dos EUA

No extenso relatório de 397 páginas, o Brasil é mencionado em várias seções, sendo o país criticado pela alta carga tributária sobre diversos produtos importados. Segundo o governo dos EUA, o Brasil impõe tarifas elevadas em setores como automóveis, peças automotivas, tecnologia, produtos químicos, e outros. O texto aponta que a “falta de previsibilidade” em relação às taxas tarifárias dificulta o planejamento de exportações americanas para o país.

Além disso, o Brasil tem sido alvo de críticas por suas modificações frequentes nas tarifas, algo que os EUA alegam prejudicar seus exportadores. A prática do Brasil de modificar taxas dentro do Mercosul também é citada como uma das razões para a instabilidade comercial.

Críticas Específicas sobre Produtos como Etanol e Automóveis

O relatório do USTR também foca em questões específicas que afetam produtos como o etanol. Entre 2011 e 2017, o comércio entre os EUA e o Brasil de etanol era livre de tarifas, mas, a partir de setembro de 2017, o Brasil impôs uma tarifa de 18% sobre o produto, algo que os EUA questionam como uma prática não recíproca.

Outras críticas incluem as tarifas sobre bebidas alcoólicas, como o IPI de 19,5% sobre as importações de bebidas alcoólicas, e regras sobre licenciamento de importação, que são vistas como uma barreira significativa para produtos americanos, como automóveis e farmacêuticos.

Questões de Tecnologia e Energia

O relatório também critica a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) do Brasil, que impõe restrições à transferência de dados pessoais para fora do país. O governo dos EUA argumenta que a implementação tardia dos mecanismos para transferência de dados tem criado incerteza para as empresas e dificultado os negócios.

Outro ponto de destaque é o programa RenovaBio, que visa promover combustíveis renováveis no Brasil, mas que, segundo os EUA, impede a participação das empresas americanas no mercado de créditos de carbono, afetando diretamente as exportações de energia renovável.

Implicações para a Relação Brasil-EUA

Essas críticas do governo dos EUA refletem as tensões comerciais entre os dois países. O Brasil, por sua vez, tem procurado adotar uma postura mais firme diante das políticas comerciais de Trump. Para isso, uma nova proposta de lei, a Lei da Reciprocidade, está em análise no Senado Brasileiro. A proposta visa permitir que o Brasil adote contramedidas proporcionais a práticas comerciais prejudiciais, como as impostas pelos Estados Unidos.

Conclusão

A guerra comercial entre os EUA e o Brasil parece se intensificar, com os dois lados buscando fortalecer suas posições no cenário global. O impacto imediato dessas tarifas e da nova legislação será significativo, afetando setores cruciais da economia brasileira e dos EUA. Enquanto o Brasil se prepara para retaliar, os EUA seguem reforçando sua postura de pressionar por um mercado mais justo, mas também arriscam ampliar as tensões globais. As medidas que estão por vir, tanto de um lado quanto do outro, poderão ter repercussões duradouras para as relações comerciais e diplomáticas entre as duas maiores economias das Américas.

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