Economia

Segundo Marcos Jank, o cenário para o agronegócio brasileiro se apresenta incerto com a presença de Trump

O cenário internacional atual é marcado por incertezas, especialmente para o agronegócio brasileiro, que pode enfrentar desafios ou até mesmo aproveitar oportunidades, dependendo da direção das políticas tarifárias adotadas pelos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Marcos Jank, professor e coordenador do centro Insper Agro Global, apresenta uma análise cuidadosa, destacando tanto os aspectos positivos quanto os negativos que podem surgir para o setor agrícola nacional.

Possibilidades de Benefício para o Agronegócio Brasileiro

Em um cenário otimista, o agronegócio brasileiro poderia colher frutos significativos das políticas tarifárias de Trump. Jank lembra que, em 2017, durante o primeiro mandato do ex-presidente americano, o Brasil se beneficiou com a imposição de tarifas mais altas pela China sobre produtos agrícolas dos Estados Unidos, criando uma janela de oportunidades para o Brasil. “O Brasil se tornou o maior fornecedor de produtos agrícolas para a China, exportando quase o dobro do que os Estados Unidos exportam”, afirmou Jank.

Se a guerra tarifária entre os Estados Unidos e outros países, como Canadá, México, China e a União Europeia, se mantiver restrita a essas nações, o Brasil poderia, novamente, ganhar acesso a novos mercados e aumentar suas exportações, especialmente em relação aos produtos do agronegócio.

O Lado Pessimista: Riscos de uma Guerra Tarifária Global

Porém, o especialista não descarta o risco de um cenário mais negativo. Jank alerta que, caso as tarifas se expandam para outras regiões, uma espiral tarifária global poderia se desencadear, o que prejudicaria o comércio internacional, assim como aconteceu durante a Grande Depressão, na década de 1930. Naquela época, o aumento das tarifas pelos Estados Unidos resultou na redução do comércio global em dois terços, um cenário que pode se repetir, gerando impactos diretos no agronegócio brasileiro.

Além disso, o professor destaca a política de reciprocidade tarifária proposta por Trump, que poderia resultar em um aumento significativo das tarifas sobre produtos brasileiros. A tarifa média aplicada pelo Brasil atualmente é de 11%, quase cinco vezes maior que a dos Estados Unidos. Se essa reciprocidade se concretizar, o Brasil poderá se ver envolvido em um conflito comercial com os Estados Unidos.

A Postura Prudente e Equilibrada do Brasil

Diante desses dois cenários, Jank aconselha uma postura cautelosa por parte do Brasil. Em um momento de tanta volatilidade no comércio internacional, ele defende que o país deve evitar discursos inflamados e politizações, focando em manter uma posição de serenidade e discrição. “O Brasil deveria adotar uma postura de equidistância prudente em relação aos novos agrupamentos de países que estão se formando no mundo”, recomenda o professor.

Em um mundo cada vez mais polarizado, Jank também sugere que o Brasil deve se posicionar como um fornecedor confiável de produtos agrícolas, sem se aliar a um lado político específico. “O Brasil deve ser visto como um fornecedor confiável para quem desejar comprar os nossos produtos”, conclui.

Conclusão

O futuro do agronegócio brasileiro está, sem dúvida, atrelado às mudanças nas políticas tarifárias globais, especialmente no que diz respeito às decisões dos Estados Unidos sob a liderança de Donald Trump. Embora existam possibilidades de crescimento, como o aumento das exportações para mercados afetados pelas tarifas americanas, os riscos de uma guerra tarifária global também são uma preocupação válida. Diante desse cenário incerto, a recomendação de Marcos Jank é que o Brasil adote uma postura equilibrada e estratégica, focando em seu papel como um fornecedor confiável no mercado global, sem se deixar levar por disputas políticas que possam prejudicar seus interesses comerciais.

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