Politica

Durante julgamento da denúncia contra Bolsonaro, Dino faz referência a Hitler e Mussolini

Durante o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete acusados de tentativa de golpe, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), fez referência aos ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini, para destacar as consequências devastadoras dos golpes de Estado. Em seu voto, Dino lembrou os regimes totalitários da Alemanha nazista e da Itália fascista, que marcaram a primeira metade do século XX com graves violações aos direitos humanos.

Comparação com Regimes Totalitários

Ao destacar o impacto dos golpes de Estado na história, Dino disse: “Aqueles que, nos anos 1920 e 1930 do século XX, normalizaram a chegada de Mussolini e Hitler ao poder dizendo ‘este é um processo normal’, certamente se arrependeram quando viram as consequências nos odientos campos de concentração, vitimando o povo judeu e outras tantas minorias na Europa”. O ministro enfatizou que os golpes de Estado não podem ser minimizados, alertando para as consequências de tais ações, que resultaram em tragédias humanitárias.

Dino reforçou que, mesmo que um golpe de Estado não resulte em mortes imediatas, ele não deve ser considerado uma infração penal de menor importância. “É falsa a ideia de que um golpe de Estado ou uma tentativa de golpe de Estado, porque não resultou em mortes naquele dia, é uma infração penal de menor potencial ofensivo ou suscetível de aplicação até de um princípio de insignificância”, afirmou.

Apologia ao Golpe é uma Agressão à Memória Nacional

O ministro também condenou a apologia ao golpe de Estado, classificando-a como “uma desonra à memória nacional”. Dino ressaltou que esse tipo de discurso representa uma agressão às famílias que perderam entes queridos durante períodos de repressão e violência no Brasil, como nos tempos da ditadura militar. “Esse tipo de raciocínio é uma agressão às famílias que perderam familiares num momento de trevas da vida brasileira”, disse, destacando a seriedade da questão.

Referência ao Filme “Ainda Estou Aqui”

Durante seu voto, Dino também fez uma referência ao filme “Ainda Estou Aqui”, que retrata o desaparecimento e morte do ex-deputado Rubens Paiva durante o regime militar nos anos 1970. O filme aborda o impacto do golpe de Estado e os crimes cometidos durante o período de repressão. “O que eles estão mostrando ali? Remarcando o caráter permanente e hediondo do desaparecimento de pessoas. De torturas, de assassinatos que derivam de quê? De um golpe de Estado”, afirmou Dino, destacando a importância de lembrar as consequências desses eventos.

Conclusão

O discurso de Flávio Dino durante o julgamento da denúncia contra Bolsonaro foi uma firme declaração sobre a gravidade dos golpes de Estado e suas consequências. Ao trazer à tona exemplos históricos de regimes totalitários, o ministro do STF deixou claro que, independentemente da violência imediata, qualquer tentativa de subverter a ordem democrática deve ser tratada com seriedade. Dino concluiu que a apologia ao golpe é não apenas um erro jurídico, mas também uma agressão à memória das vítimas de um período sombrio da história brasileira. A referência ao filme “Ainda Estou Aqui” reforça a necessidade de não esquecer os horrores de um golpe e os danos irreparáveis causados a tantas vidas.

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