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Carro elétrico é bom para viajar? Relato de 3 mil km pelo Sul e Sudeste

Com o avanço da tecnologia e a expansão da infraestrutura de recarga, os carros elétricos estão ganhando espaço no Brasil. Mas será que eles são realmente viáveis para longas viagens? Para responder a essa pergunta, rodamos 3 mil km em um carro 100% elétrico por estradas do Sul e Sudeste, passando por diversos estados e enfrentando os desafios de um veículo movido a bateria em um país com infraestrutura ainda em desenvolvimento.


O planejamento: um item essencial

Antes de colocar o carro na estrada, o planejamento da rota é indispensável para evitar imprevistos. Diferentemente dos carros a combustão, a autonomia dos veículos elétricos e a disponibilidade de pontos de recarga determinam o percurso.

Ao longo da viagem, utilizamos aplicativos de mapas e de carregadores para localizar estações de recarga rápida. Os trechos mais tranquilos foram em regiões com alta densidade populacional, como São Paulo e Paraná, onde a presença de carregadores em postos de combustíveis e shoppings é mais frequente. Já em áreas menos urbanizadas, como partes de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foi necessário ajustar o itinerário para garantir que houvesse pontos de recarga no caminho.


Autonomia e recarga: como foi a experiência?

O modelo utilizado na viagem foi um SUV elétrico com autonomia média de 400 km por carga. Embora essa autonomia seja confortável para deslocamentos urbanos, em viagens longas exige atenção redobrada. Em trechos com subidas íngremes, como a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, a bateria teve um consumo maior devido ao esforço do motor elétrico.

Nos pontos de recarga rápida, o tempo médio para recuperar 80% da bateria foi de 40 a 50 minutos. Essa pausa, no entanto, se mostrou produtiva: aproveitamos para almoçar, tomar um café ou mesmo descansar. Já em estações de recarga lenta, comuns em hotéis, o carro levou de 6 a 8 horas para carregar completamente, o que foi ideal para recargas noturnas.


Custo da viagem: é mais barato viajar com carro elétrico?

Um dos pontos altos da experiência foi o custo. Comparado a um carro a combustão, o veículo elétrico proporcionou uma economia considerável no abastecimento. Estimamos um gasto médio de R$ 50 para cada 400 km rodados, bem abaixo do que seria gasto com gasolina ou etanol.

No entanto, é importante destacar que os valores podem variar de acordo com as tarifas de energia elétrica e o tipo de carregador utilizado. Em postos de recarga rápida localizados em rodovias, os custos podem ser mais altos do que carregar em casa.


Conforto e desempenho: o carro elétrico surpreende?

O conforto e a dirigibilidade do carro elétrico foram pontos de destaque durante os 3 mil km percorridos. Sem o barulho de um motor a combustão e com respostas rápidas do acelerador, a experiência de dirigir foi agradável e menos cansativa.

Além disso, o sistema de frenagem regenerativa — que recarrega a bateria ao reduzir a velocidade — foi um aliado em descidas e no trânsito urbano, ajudando a otimizar a autonomia do veículo.


Desafios: o que precisa melhorar no Brasil?

Apesar dos avanços, viajar com um carro elétrico no Brasil ainda apresenta desafios. A infraestrutura de recarga está longe de ser ideal, especialmente em regiões menos desenvolvidas. Além disso, a variação na disponibilidade e no custo dos carregadores pode tornar a experiência imprevisível para quem não planeja bem a viagem.

Outro ponto que merece atenção é a falta de padronização dos carregadores. Algumas estações possuem conectores incompatíveis com determinados modelos, exigindo adaptadores que nem sempre estão disponíveis.


Vale a pena viajar com um carro elétrico?

A resposta é: depende. Para quem gosta de planejar cada detalhe da viagem, tem flexibilidade de horário e quer economizar no abastecimento, o carro elétrico é uma opção interessante e sustentável. No entanto, para quem busca maior praticidade ou costuma viajar por áreas com pouca infraestrutura, ainda é mais seguro optar por um carro a combustão ou híbrido.

Com a expansão da rede de recarga e a popularização dos elétricos, o cenário tende a melhorar nos próximos anos. Por enquanto, os veículos elétricos são viáveis para viagens longas, mas exigem organização e paciência. Se você está disposto a encarar o desafio, a experiência pode ser tão prazerosa quanto sustentável.

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