Economia

Impostos elevados impactam preços de eletrodomésticos no Brasil

Crescimento do setor e desafios fiscais

O mercado de eletroeletrônicos apresentou um crescimento expressivo em 2024, registrando um aumento de quase 30% nas vendas da indústria para o varejo em comparação com o ano anterior. Ao todo, foram comercializados aproximadamente 118 milhões de produtos, um desempenho considerado o melhor da última década. Apesar desse avanço, a alta carga tributária ainda impõe desafios tanto para consumidores quanto para lojistas.

Tributação elevada sobre eletrodomésticos

Os impostos cobrados sobre eletrodomésticos variam conforme a categoria do produto. A explicação para isso, segundo João Eloi Olenike, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), está na classificação de essencialidade adotada pelo governo. Como esses itens não são considerados essenciais, eles acabam recebendo uma carga tributária mais alta.

Entre os produtos mais afetados pelos tributos, destacam-se:

  • Máquina de lavar: 37% do valor total do produto corresponde a impostos;
  • Fogão de quatro bocas: tributação semelhante à da máquina de lavar;
  • Geladeira: carga tributária próxima a 43%;
  • Secador de cabelo: 51,46% do valor pago pelo consumidor corresponde a tributos;
  • Micro-ondas: um dos mais taxados, com 65% do preço final composto por impostos.

A forte tributação impacta diretamente o preço final dos produtos, tornando sua aquisição mais difícil para grande parte da população.

Impactos no bolso do consumidor

A estrutura tributária brasileira é considerada regressiva, ou seja, não diferencia a cobrança de impostos de acordo com a capacidade econômica do consumidor. Esse modelo faz com que todas as pessoas paguem a mesma alíquota sobre o consumo, independentemente de sua renda, penalizando proporcionalmente as camadas mais pobres da população.

Vitor Guimarães, assistente técnico, sente na prática as dificuldades de adquirir eletrodomésticos diante da alta carga tributária. “Quem ganha R$ 1.500 por mês precisa arcar com aluguel, contas e outras despesas. Comprar uma geladeira de R$ 4.000 se torna inviável”, comenta.

Reforma tributária e perspectivas futuras

A reforma tributária, aprovada pelo Congresso Nacional e prevista para entrar em vigor no próximo ano, promete mudanças no modelo de cobrança de impostos. No entanto, segundo especialistas do IBPT, mesmo com possíveis ajustes, a carga fiscal sobre os eletrodomésticos deve permanecer elevada, mantendo o impacto significativo no orçamento dos consumidores.

Conclusão

Embora o setor de eletroeletrônicos tenha demonstrado um crescimento robusto, a alta carga tributária segue como um obstáculo para a ampliação do acesso aos produtos. O modelo atual de tributação penaliza especialmente os consumidores de menor renda, que enfrentam dificuldades para adquirir bens essenciais para o dia a dia. A reforma tributária pode trazer alterações, mas, até que suas mudanças sejam concretizadas e gerem efeitos reais, o peso dos impostos continuará sendo um fator determinante no custo dos eletrodomésticos no Brasil.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *