Fim de uma trajetória? Forever 21 solicita falência nos Estados Unidos

A icônica marca de fast fashion Forever 21 entrou com pedido de falência nos Estados Unidos, pela segunda vez em seis anos. O pedido foi registrado no domingo (16) em um tribunal de Delaware, refletindo as dificuldades que a empresa enfrentou em um mercado cada vez mais competitivo. O varejista, que popularizou a moda rápida entre adolescentes, agora busca reestruturação financeira para tentar sobreviver a uma série de desafios, incluindo a forte concorrência de gigantes do comércio eletrônico, como Shein e Temu.

Concorrência Desleal e o Impacto da Pandemia

A Forever 21 não conseguiu acompanhar a ascensão de marcas de fast fashion estrangeiras, que, com modelos de negócios ágeis, conquistaram rapidamente uma fatia significativa do mercado. O crescimento das compras online durante a pandemia de COVID-19 e os altos custos decorrentes das tarifas sobre produtos chineses, impostos pelo governo Trump, agravam ainda mais a situação da marca. Essa competição, aliada à falta de um “ponto de vista claro” por parte da empresa, levou a uma perda considerável de clientes, especialmente entre o público jovem, que tem sido um dos pilares da marca.

Venda de Ativos e Reestruturação da Empresa

Com o pedido de falência, a Forever 21 anunciou que realizará liquidações em suas lojas e buscará um comprador para seus ativos. A empresa ainda possui mais de 540 locais ao redor do mundo, mas já teve uma significativa redução em relação ao seu auge, quando operava mais de 800 lojas. Em 2019, a marca já havia feito uma reestruturação via falência no Capítulo 11, fechando 200 lojas e sendo adquirida por um grupo composto por Simon Property Group, Brookfield Properties e Authentic Brands Group por US$ 81 milhões.

Modelo de Negócios Sob Crítica

O modelo de negócios da Forever 21, que se baseia na produção em massa de roupas baratas para consumo rápido, também se viu sob crítica crescente, não apenas pelo seu impacto ambiental, mas também pela insustentabilidade do próprio ciclo de consumo. O analista de varejo Neil Saunders comentou que a marca não soube se adaptar às mudanças do mercado e não ofereceu um “sortimento forte” para atrair consumidores.

Falência no Mercado de Varejo Americano

A falência da Forever 21 é apenas um reflexo do declínio de várias empresas tradicionais no mercado de varejo dos Estados Unidos. Em 2023, mais de 7.300 lojas foram fechadas, um aumento de 57% em relação ao ano anterior. A situação da marca se alinha a um cenário mais amplo de desafios enfrentados por empresas físicas em um mundo dominado pelo comércio eletrônico.

O Futuro da Forever 21

Embora a Forever 21 esteja lutando para se manter relevante, existe a possibilidade de que a marca consiga sobreviver por meio de acordos de licenciamento, o que a tornaria uma “sombra do que era antes”, segundo Saunders. Contudo, a marca ainda pode atrair interesse de compradores de comércio eletrônico ou grupos de marcas, que poderiam aproveitar o nome estabelecido e sua base de clientes.

Conclusão

O pedido de falência da Forever 21 marca o fim de uma era para a marca que ajudou a moldar o conceito de fast fashion. Apesar de sua relevância no passado, os desafios do mercado atual, com a forte concorrência de empresas internacionais e mudanças nas preferências dos consumidores, tornaram difícil para a marca manter-se competitiva. A reestruturação e a venda de ativos podem ser a última chance para a marca continuar operando, mas o cenário futuro ainda parece incerto.