Análise: Tarcísio Adota Discurso Contra o STF e Surpreende Ministros

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem se destacado pela postura moderada e conciliadora no cenário político, especialmente ao interagir com o Supremo Tribunal Federal (STF) e outros membros das instituições democráticas. No entanto, durante um evento na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, no último domingo (16), o governador surpreendeu ao adotar um tom mais agressivo em suas declarações, criticando abertamente o STF e a Justiça Eleitoral.

Ataques ao STF e Defesas Polêmicas

Em seu discurso, Tarcísio sugeriu que a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tinha como objetivo evitar que o ex-presidente concorresse à eleição de 2026. Além disso, o governador defendeu a concessão de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. Durante o discurso, Tarcísio afirmou que o STF havia condenado “inocentes”, o que acirrou as tensões com a Corte.

Essas declarações se distanciaram do comportamento previamente observado do governador, que vinha sendo elogiado por ministros do STF por sua postura mais aberta ao diálogo, em um momento em que figuras de direita atacavam o Supremo. A mudança de tom foi percebida como uma reação ao clima político, especialmente com a proximidade das eleições de 2026.

Reações no Supremo: Surpresa e Desconfiança

A mudança de postura de Tarcísio não passou despercebida pelos ministros do STF. Em conversas com interlocutores, alguns magistrados expressaram surpresa com o discurso adotado pelo governador, especialmente considerando o contexto recente de sua postura mais conciliatória. Um ministro, que pediu anonimato, comentou que, enquanto discursos desse tipo já eram esperados de Bolsonaro, o mesmo não se aplicava a Tarcísio, que até recentemente se mostrava mais alinhado com as normas institucionais, como demonstrado em sua participação no lançamento do edital do túnel Santos-Guarujá, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em fevereiro, Tarcísio havia enfatizado a importância de deixar de lado as disputas políticas para priorizar as necessidades dos cidadãos, um discurso que contrastava com a retórica agressiva que ele passou a adotar publicamente.

Tarcísio Desafia Especulações sobre Candidatura à Presidência

Apesar da reviravolta em seu discurso, Tarcísio negou que esteja se preparando para uma candidatura à presidência em 2026. Em entrevistas, o governador reafirmou seu apoio a Bolsonaro, ainda que o ex-presidente esteja inelegível e sem perspectivas de reverter sua situação até o próximo pleito.

A mudança de tom de Tarcísio gerou desconfiança também no Palácio do Planalto, com assessores do governo petista avaliando que o governador teria radicalizado sua postura de forma a se posicionar como uma alternativa ao atual cenário político, focando em um possível projeto presidencial. Essa análise reflete o entendimento de que Tarcísio pode estar tentando se posicionar no tabuleiro político de maneira mais agressiva, buscando, talvez, se destacar para a corrida de 2026.

Conclusão

A surpreendente mudança de postura de Tarcísio de Freitas, ao adotar um discurso mais contundente contra o STF e ao defender anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, pode sinalizar uma nova estratégia política. O governador, que até recentemente era visto como um moderado, agora parece estar se distanciando de sua postura conciliatória, o que pode ter implicações importantes para sua relação com o STF, o Palácio do Planalto e, sobretudo, para sua imagem como possível candidato à presidência em 2026.

Ao mesmo tempo, o apoio contínuo a Bolsonaro, mesmo diante da inelegibilidade do ex-presidente, reflete uma tentativa de Tarcísio de manter sua base de apoio na direita, enquanto busca solidificar sua posição para o futuro. Contudo, se essa mudança de tom se consolidar, ela poderá trazer consigo uma série de desafios, tanto em relação à sua relação com o STF quanto à sua credibilidade junto aos eleitores que ainda veem nele um político moderado e em busca de um Brasil mais equilibrado.

A conferir como a situação evoluirá nos próximos meses, à medida que o ambiente político brasileiro se aquece para as eleições de 2026.