Economia

A intenção de consumo das famílias registra queda de 1,4% em março

A incerteza no cenário econômico tem impactado diretamente a disposição das famílias brasileiras para o consumo. Em março de 2025, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), apresentou uma queda de 1,4% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, o índice ainda se mantém na zona de satisfação, acima dos 100 pontos, registrando 102,7 pontos.

O Impacto nas Famílias de Menor Renda

O relatório da CNC destacou que as famílias de menor renda estão sendo as mais afetadas pela atual instabilidade econômica. A pesquisa revelou que as famílias que recebem menos de 10 salários mínimos enfrentam um cenário de crescente insatisfação com relação à sua capacidade de consumo, com o ICF para este grupo caindo para 99,8 pontos. Esse valor coloca os consumidores nessa faixa de renda no espectro de pessimismo, pela primeira vez desde novembro de 2024.

Desafios no Consumo: Homens Menos Confiança

Em termos de análise por gênero, o estudo mostrou uma diminuição significativa da intenção de consumo entre os homens, com um recuo de 2,4% em comparação com março de 2024. Por outro lado, as mulheres apresentaram uma leve melhora de 0,2%, demonstrando uma perspectiva ligeiramente mais positiva em relação ao consumo no período.

José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, afirmou que os resultados refletem os efeitos adversos da economia brasileira. Segundo ele, as famílias estão cada vez mais cautelosas em relação aos seus gastos, devido às incertezas do futuro.

Perspectivas de Emprego e Mercado de Crédito

O cenário de emprego, por sua vez, também influenciou o ICF. O índice de Emprego Atual teve uma leve queda de 0,2%, após um pequeno aumento em fevereiro. Apesar disso, a Perspectiva Profissional apresentou um crescimento de 0,3%, marcando o sexto crescimento consecutivo no indicador. Isso sugere uma visão mais otimista em relação ao futuro do emprego, embora os consumidores se mostrem mais cautelosos nos próximos meses.

No que diz respeito ao crédito, o ICF indicou que as famílias com maior renda (acima de 10 salários mínimos) apresentaram uma queda de 0,3%, refletindo as dificuldades no mercado de crédito. Por outro lado, as famílias de menor renda mantiveram uma taxa positiva (+0,5%). Embora a retração no crédito tenha afetado a confiança das famílias de maior renda, o indicador geral ainda não caiu abaixo dos 100 pontos.

Conclusão

A queda na intenção de consumo das famílias é um reflexo claro da instabilidade econômica e das incertezas políticas que o país enfrenta. Com um cenário de emprego que ainda gera cautela e dificuldades no acesso ao crédito, os brasileiros estão se tornando cada vez mais conservadores em seus gastos. Apesar disso, a leve melhora observada entre as mulheres e o crescimento das expectativas em relação ao mercado de trabalho futuro mostram que há espaço para uma recuperação, embora de forma gradual.

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