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Embora algumas pessoas não compreendam, o racismo ambiental é uma realidade, afirma Anielle

Na última quarta-feira (11), durante um debate sobre racismo e mudanças climáticas em São Paulo, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, abordou a questão do racismo ambiental, afirmando que, embora muitas pessoas ainda não compreendam o conceito, ele é uma realidade que não pode ser ignorada.

O Racismo Ambiental: Definição e Exemplos

O racismo ambiental é um termo utilizado para descrever a desigualdade que populações vulneráveis enfrentam quando estão expostas a desastres ambientais ou mudanças climáticas, sofrendo muito mais com esses impactos do que as pessoas de classes sociais mais abastadas. Anielle Franco, que viveu no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, exemplificou a questão, destacando como a população de áreas mais periféricas sofre com a falta de infraestrutura para lidar com eventos climáticos, como chuvas fortes.

Ela relembrou que, muitas vezes, as chuvas interrompiam a rotina dos moradores, dificultando o acesso à escola e ao trabalho. Em contraste, áreas mais privilegiadas da cidade, como a Zona Sul, enfrentavam os mesmos eventos climáticos, mas com impactos muito menores, sem a mesma destruição que afetava as comunidades mais pobres.

A Polêmica sobre a Definição

O conceito de racismo ambiental não é recente. Sua origem remonta aos Estados Unidos na década de 1980, como explicou Anielle durante o evento. No entanto, o uso do termo gerou controvérsia no início de 2024, quando a ministra apontou que os efeitos devastadores das chuvas que atingiram o Rio de Janeiro em janeiro daquele ano estavam relacionados também ao racismo ambiental e climático. A fala foi criticada por parlamentares de oposição, que ironizaram a ministra, questionando se o meio ambiente poderia ser considerado “racista”.

Apesar das críticas, Anielle recebeu apoio de ministros e do governo federal, que saíram em defesa da sua explicação. A ministra reafirmou que não inventou o termo, mas apenas trouxe à tona um conceito existente e relevante para as discussões sobre as desigualdades socioambientais.

A Conexão entre Racismo e Desastres Climáticos

Em seu discurso, Anielle Franco destacou a relação entre o racismo e a vulnerabilidade das comunidades ao impacto das mudanças climáticas. A fala também evidenciou a disparidade entre as condições de vida em áreas periféricas e as zonas mais favorecidas da cidade. Esse fenômeno reflete não apenas a desigualdade social, mas também a falta de políticas públicas que garantam infraestrutura adequada para todos os cidadãos, especialmente para os mais pobres.

Conclusão

Embora o conceito de racismo ambiental possa ser difícil de ser aceito por parte de algumas pessoas, ele é uma realidade que precisa ser entendida e enfrentada. A desigualdade no acesso a recursos e na exposição a desastres ambientais é um reflexo de uma sociedade que ainda não superou as barreiras da discriminação racial e social. Discutir e reconhecer o racismo ambiental é o primeiro passo para buscar soluções que garantam um futuro mais justo para todos.

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