Aceleração do IPCA atinge 1,31% em fevereiro, o maior aumento para o mês desde 2003
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil, teve uma aceleração significativa em fevereiro, registrando um aumento de 1,31%, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 12. Esse crescimento foi o maior para o mês desde 2003 e resultou em uma taxa acumulada de 5,06% nos últimos 12 meses, superando os 4,56% observados no período anterior. Esse aumento foi principalmente impulsionado pelo setor de energia elétrica residencial e pela sazonalidade dos preços na educação.
Energia Elétrica Residencial Como Principal Fator de Alta
O principal responsável pela aceleração do IPCA em fevereiro foi o aumento de 16,80% na energia elétrica residencial, que impactou em 0,56 ponto percentual o índice geral. Essa variação foi um reflexo do fim da incorporação do Bônus de Itaipu, que ofereceu descontos nas faturas de energia no mês de janeiro. Como resultado, o subitem de energia elétrica residencial saiu de uma queda de 14,21% em janeiro para uma alta expressiva em fevereiro. Essa mudança teve grande peso no índice de habitação, que passou de uma queda de 3,08% para um aumento de 4,44%, o maior impacto entre os grupos pesquisados.
Educação Registra Alta Significativa
Outro fator importante para o aumento do IPCA foi o setor de educação, que teve uma alta de 4,70%, com impacto de 0,28 ponto percentual no índice. Esse crescimento é explicado pelos reajustes nas mensalidades escolares no início do ano letivo. O aumento foi especialmente notável em níveis como ensino fundamental (7,51%), ensino médio (7,27%) e pré-escola (7,02%), refletindo a sazonalidade dessa categoria. A variação no setor foi uma das maiores entre os grupos, influenciando diretamente o aumento da inflação no período.
Desaceleração em Alimentos e Transportes
Enquanto alguns grupos apresentaram aumentos expressivos, outros tiveram uma desaceleração. O grupo de alimentação e bebidas passou de uma alta de 0,96% em janeiro para 0,70% em fevereiro. Apesar disso, itens como ovo de galinha (15,39%) e café moído (10,77%) ainda apresentaram grandes aumentos, com explicações que envolvem tanto a alta na exportação, problemas climáticos e a demanda sazonal. Por outro lado, alguns itens registraram quedas, como a batata-inglesa (-4,10%), arroz (-1,61%) e leite longa vida (-1,04%).
Já o grupo de transportes desacelerou de 1,30% em janeiro para 0,61% em fevereiro. O aumento nos combustíveis, especialmente o óleo diesel (4,35%), etanol (3,62%) e gasolina (2,78%), foi um dos responsáveis pela variação, com a gasolina, devido ao seu peso no índice, tendo um grande impacto individual, com 0,14 ponto percentual.
Outros Grupos e Menores Variações
Além dos setores de energia, educação, alimentos e transportes, outros grupos apresentaram variações mais modestas. Artigos de residência tiveram um aumento de 0,44%, vestuário não variou (0,00%), saúde e cuidados pessoais subiram 0,49%, despesas pessoais aumentaram 0,13%, e comunicação teve uma variação de 0,17%.
Conclusão
A aceleração do IPCA em fevereiro reflete uma combinação de fatores sazonais e estruturais, com a energia elétrica e a educação liderando os aumentos. A variação na energia elétrica foi um fator significativo, enquanto o reajuste nas mensalidades escolares também exerceu grande influência sobre o índice. Por outro lado, a desaceleração em alimentos e transportes, principalmente nos combustíveis, ajudou a mitigar um pouco os impactos inflacionários.
O cenário aponta para uma inflação ainda em patamares elevados, com uma pressão contínua nos preços de setores chave da economia. O Brasil precisa lidar com os desafios impostos por esses aumentos enquanto busca equilibrar o crescimento econômico com a contenção da inflação. O impacto desses fatores será crucial para o andamento da política monetária e para as expectativas econômicas no curto e médio prazo.