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Entidade denuncia falta de efetivo nas delegacias da mulher em SP e cobra ação do governo

No último sábado (8), em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o governo do estado de São Paulo anunciou a inauguração de sete novas Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) 24h. As cidades beneficiadas foram São José dos Campos, Ribeirão Preto, Bauru, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Piracicaba e Araçatuba. Com isso, o número de DDMs no estado aumentou de 11 para 18 unidades, além da implementação de 10 novas salas de DDM para atendimentos on-line.

Preocupações com a Falta de Efetivo na Polícia Civil

O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de São Paulo (Sindpesp) manifestou preocupação com a recente reestruturação das delegacias. A entidade criticou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do estado pela falta de planejamento em relação à alocação de efetivo policial. Segundo o sindicato, a Polícia Civil paulista já enfrenta um déficit de 14.589 servidores, o que torna difícil a manutenção de um serviço de qualidade, com a necessidade urgente de mais policiais em diversas funções, como delegados e escrivães.

Impacto no Atendimento e Eficiência das Investigations

A presidente do Sindpesp, Jacqueline Valadares, afirmou que o remanejamento de policiais para as novas unidades de DDM 24h resultará em sérios prejuízos à estrutura de segurança do estado. Ela destacou que, com a escassez de recursos humanos, alguns Departamentos de Polícia Judiciária do Interior (Deinters) terão que criar novos plantões 24h, com a remoção definitiva de policiais de outras funções. Essa mudança poderá sobrecarregar as delegacias e comprometer a eficiência das investigações de crimes em geral.

“Os efeitos colaterais da medida são visíveis. A sobrecarga nos profissionais pode resultar em um atendimento básico de qualidade inferior, além de afetar o andamento de investigações”, comentou Jacqueline Valadares.

Críticas à Sobrecarga e à Saúde Mental dos Policiais

A presidente do sindicato também questionou a preocupação do governo com a saúde mental dos policiais. Ela destacou que a medida de deslocar delegados e delegadas para distâncias de até 200 quilômetros para atender em diversas unidades comprometerá a qualidade do serviço prestado e pode afetar a saúde emocional dos servidores, que já enfrentam uma carga excessiva de tarefas devido ao déficit de efetivo.

Posição da Secretaria de Segurança Pública (SSP)

Em resposta às críticas, a assessoria de imprensa da SSP destacou que a valorização das forças de segurança e a recomposição do efetivo policial são prioridades da gestão estadual. A pasta também ressaltou o aumento histórico de 20,2% no reajuste salarial dos policiais e a maior nomeação da história, com a incorporação de mais de 4.000 novos agentes de segurança em 2024.

A SSP também enfatizou que a ampliação das DDMs e das salas de acolhimento faz parte de um esforço para melhorar a segurança das mulheres e reforçar o combate à violência de gênero no estado.

Conclusão

A implementação das novas Delegacias de Defesa da Mulher em São Paulo visa fortalecer a proteção às mulheres vítimas de violência, mas o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil levanta preocupações legítimas sobre os impactos dessa medida na estrutura de pessoal da Polícia Civil. A falta de efetivo e a sobrecarga de trabalho dos policiais são desafios que precisam ser enfrentados de forma mais estratégica, para garantir não apenas a ampliação de serviços, mas também a qualidade do atendimento à população. A expectativa é de que o governo estadual tome medidas para solucionar o déficit de pessoal e garantir que as delegacias possam operar de forma eficiente, sem comprometer a saúde e o desempenho dos servidores.

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