Politica

Bolsonaro recupera gravação de Cid sobre delação antes de apresentar sua defesa

Nesta quinta-feira (6), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou suas redes sociais para divulgar um áudio de seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, em que o militar comenta sua colaboração com a Polícia Federal no âmbito das investigações sobre uma tentativa de golpe de Estado. A divulgação do áudio ocorre no mesmo dia em que Bolsonaro deve se manifestar sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A Defesa de Bolsonaro e as Alegações de Coação

Ao compartilhar o áudio, Bolsonaro escreveu uma legenda que reforça a principal linha de defesa em relação à acusação de tentativa de golpe: “Mauro Cid declara em áudio que foi pressionado a concordar com a narrativa da PF ou perderia o acordo como delator.” Essa declaração sugere que Cid teria sido coagido a aderir a uma versão dos fatos imposta pela Polícia Federal. A defesa do ex-presidente, portanto, está focada em questionar a credibilidade da delação de Cid, que prestou 14 depoimentos durante sua colaboração premiada.

A principal estratégia dos aliados de Bolsonaro é atacar a investigação alegando que o ex-ajudante de ordens foi forçado a dizer o que a polícia queria ouvir, algo que, segundo eles, comprometeria a veracidade de sua colaboração.

O Áudio e as Críticas de Mauro Cid

O áudio compartilhado por Bolsonaro, originalmente revelado pela revista “Veja” em março de 2024, mostra Mauro Cid criticando a condução da Polícia Federal nas investigações e, em particular, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF). No trecho divulgado, Cid afirma:

“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo.”

Ele continua, dizendo que a PF já tinha uma “narrativa pronta” e não estava disposta a ouvir sua versão dos acontecimentos. “Eles queriam que confirmasse a narrativa deles”, acrescenta.

Consequências e Ação Judicial Contra Mauro Cid

Por conta dessas declarações, Mauro Cid foi preso novamente por ordem de Alexandre de Moraes em 22 de março de 2024, sendo libertado apenas em 3 de maio, após decisão do próprio Moraes, que manteve o acordo de delação em vigor. Durante sua prisão, o ex-ajudante de ordens alegou que o áudio era apenas um “desabafo em momento ruim”.

O Prazo para a Defesa de Cid e o Impacto no Caso

O prazo para que Mauro Cid apresente sua defesa sobre as acusações feitas no âmbito da denúncia da PGR também termina nesta quinta-feira (6). No entanto, os advogados do militar optaram por não se manifestar publicamente sobre o caso. A situação continua a gerar grande repercussão, uma vez que a delação de Cid tem sido uma das principais evidências no caso que investiga a tentativa de golpe de Estado.

Conclusão

O compartilhamento do áudio por Jair Bolsonaro tem como objetivo questionar a credibilidade da colaboração de Mauro Cid, que, segundo a defesa do ex-presidente, teria sido realizada sob pressão e coação. As declarações de Cid geraram controvérsias e implicaram em sua prisão temporária, mas ele permanece como uma peça chave nas investigações sobre o suposto golpe. A defesa de Bolsonaro, agora, prepara sua resposta à denúncia da Procuradoria-Geral da República, enquanto o desdobramento do caso segue em análise no Supremo Tribunal Federal.

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