Economia

Os desembolsos do Plano Safra 2024/25 registraram uma queda de 20% até fevereiro, totalizando R$ 245,57 bilhões

Até o mês de fevereiro de 2025, o desembolso do Plano Safra 2024/25 alcançou R$ 245,57 bilhões, o que representa 51,53% do total disponível para a safra. O valor é 19,57% inferior ao montante registrado no mesmo período da safra 2023/24, quando foram desembolsados R$ 305,31 bilhões. Esse recuo no valor aplicado reflete um cenário de menor demanda por crédito oficial e o impacto das condições econômicas atuais.

Diminuição do número de contratos

Em termos de contratos, o número registrado foi de 1,407 milhão, uma redução de 13,3% em relação aos 1,622 milhão de contratos assinados na temporada anterior. A diminuição da contratação de crédito oficial foi observada desde o início do ano, quando o valor liberado caiu até 48%, em função do aumento das taxas de juros e das dificuldades de acesso aos recursos.

Causas da retração no desembolso

A queda no desembolso do Plano Safra 2024/25 é atribuída a diversos fatores, incluindo a alta da taxa de juros e a maior seletividade no acesso ao crédito oficial. Segundo Guilherme Rios, assessor técnico de Política Agrícola da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a retração não está relacionada à falta de demanda por financiamento, mas sim às dificuldades enfrentadas pelos produtores rurais para acessar os recursos. Ele destacou que, embora o apetite por novos financiamentos se mantenha, principalmente para o custeio das atividades, os investimentos estão sendo mais limitados.

Rios também projeta que o volume de recursos liberados no atual Plano Safra provavelmente não será integralmente aplicado, especialmente no caso dos recursos livres, que não têm subvenção do Tesouro em parte dos juros. A redução nas contratações tende a impactar essas modalidades de crédito.

O papel do crédito privado no financiamento rural

Apesar da retração no crédito oficial, Rios observa que a demanda por novos financiamentos permanece forte, com um aumento de cerca de 60% no financiamento através de fontes privadas. Os produtores estão recorrendo a alternativas, como os títulos agrícolas, para suprir a necessidade de crédito. Isso é especialmente verdadeiro para grandes produtores, que encontraram vantagens em fontes privadas de financiamento no início do Plano Safra, quando as condições eram mais favoráveis. Contudo, com a elevação da taxa Selic, o custo dos recursos privados aumentou, o que pode fazer com que os produtores retornem ao crédito oficial em busca de melhores condições.

Expectativas para o final da temporada

Com base nas atuais condições econômicas, a expectativa é que o desembolso no Plano Safra continue a cair até o fim da temporada. No entanto, apesar dessa retração, os produtores rurais devem seguir buscando recursos para a manutenção das suas atividades, com um aumento no financiamento por meio de fontes privadas e títulos agrícolas.

Conclusão

O Plano Safra 2024/25 enfrenta desafios em sua implementação devido ao cenário econômico, especialmente com a elevação das taxas de juros e a burocracia para acessar o crédito oficial. No entanto, a demanda por financiamento permanece robusta, sendo parcialmente atendida pelo mercado privado e por títulos agrícolas, principalmente para grandes produtores. A perspectiva é que o crédito oficial continue a ter um papel relevante, especialmente à medida que os custos do crédito privado aumentam.

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