A China aumenta os estímulos econômicos para salvaguardar seu crescimento e alcançar a meta de PIB
Nesta quarta-feira (5), o governo chinês anunciou uma série de novos estímulos fiscais com o objetivo de sustentar o consumo interno e mitigar os efeitos da intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos. As medidas visam garantir que a China atinja sua meta de crescimento econômico de 5% ou mais em 2025. O primeiro-ministro Li Qiang, em discurso durante a abertura da reunião anual do Parlamento da China, destacou os desafios impostos por “mudanças nunca vistas em um século”, sugerindo que um cenário externo cada vez mais complexo coloca pressão adicional sobre o país.
Impacto da Guerra Comercial e Pressões Internas
Li Qiang alertou sobre os impactos significativos da guerra comercial com os Estados Unidos, afirmando que questões envolvendo comércio, ciência e tecnologia poderiam afetar ainda mais a economia chinesa. A crise no setor imobiliário e a falta de demanda doméstica também têm tornado a economia mais vulnerável, com os resultados da guerra comercial com os EUA colocando em risco os pilares do modelo econômico chinês, que se baseia em um complexo industrial voltado para exportação.
A Prioridade do Consumo: A Nova Direção da Política Econômica
No novo discurso de Li, o termo “consumo” foi mencionado com mais ênfase do que nunca, representando uma mudança estratégica na forma como Pequim pretende enfrentar seus desafios econômicos. O consumo foi priorizado em relação à tecnologia, o que representa uma evolução nas políticas econômicas do país, que, há anos, busca promover uma transição para um modelo mais voltado para o mercado interno. A meta de impulsionar o consumo interno como motor do crescimento econômico reflete a tentativa da China de reduzir sua dependência das exportações e dos investimentos externos.
No entanto, embora essa mudança de foco tenha sido mencionada em várias ocasiões no passado, os investidores ainda permanecem céticos quanto à capacidade da China de realizar uma transição bem-sucedida para esse novo modelo de crescimento.
Planos de Investimentos e Emissão de Títulos
Como parte do esforço para alcançar a meta de crescimento, o governo chinês anunciou que emitirá 1,3 trilhões de iuanes (aproximadamente US$ 179 bilhões) em títulos especiais ultralongos do Tesouro em 2025, um aumento em relação aos 1 trilhão de iuanes de 2024. Além disso, os governos locais terão permissão para emitir 4,4 trilhões de iuanes em dívidas especiais, uma cifra superior aos 3,9 trilhões do ano anterior. Essas medidas visam gerar recursos para amortecer os impactos econômicos das tarifas impostas pelos Estados Unidos e outras tensões externas.
Apoio ao Setor de Consumo e Setores Estratégicos
Entre as principais medidas, destacam-se os 300 bilhões de iuanes alocados para subsídios a consumidores, com foco em veículos elétricos, eletrodomésticos e outros bens, uma estratégia que já mostrou sucesso em impulsionar o consumo desses produtos específicos. No entanto, muitos analistas apontam a falta de apoio concreto para as famílias em geral, com as políticas voltadas principalmente para bens duráveis e tecnologias específicas.
Desafios à Vista: Crescimento e Disputas Comerciais
A meta de crescimento de 5% para 2025 pode ser afetada pelas disputas comerciais em andamento, o que pode forçar o governo a ajustar o orçamento ao longo do ano, caso o impacto sobre o crescimento seja mais severo do que o esperado. Analistas do ANZ observam que os estímulos fiscais, embora bem-intencionados, ainda carecem de um apoio mais amplo para as famílias e para o consumo em setores menos favorecidos.
Conclusão: O Caminho para um Crescimento Sustentável e Desafios Persistentes
Embora a China tenha dado passos importantes para tentar garantir um crescimento de 5% em 2025, os desafios internos e externos continuam a ser um obstáculo. As tensões comerciais com os Estados Unidos, a necessidade de uma reforma estrutural no consumo interno e a fragilidade do setor imobiliário indicam que o caminho para uma economia mais equilibrada e sustentável será complexo. No entanto, o foco crescente no consumo, apoiado por medidas fiscais e subsídios, sinaliza uma tentativa de transformação na economia chinesa, com a esperança de que a mudança seja o catalisador para um novo ciclo de crescimento.