Sazonalidade e juros explicam avanço da taxa de desemprego, dizem analistas
A taxa de desemprego no Brasil aumentou para 6,5% no trimestre encerrado em janeiro de 2025, uma variação de 0,3 ponto percentual em comparação ao trimestre anterior, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na manhã desta quinta-feira (27). Especialistas analisam esse crescimento como reflexo da sazonalidade e da conjuntura econômica atual.
Sazonalidade e Fatores Temporários Influenciam o Aumento
Economistas ouvidos pela CNN apontam que a alta na taxa de desemprego é esperada, especialmente no primeiro trimestre do ano. De acordo com Bruno Imaizumi, economista da LCA 4Intelligence, esse aumento está relacionado ao fim das vagas temporárias contratadas para as festas de fim de ano, como Natal e Ano Novo. “É importante destacar que a pesquisa é uma média móvel trimestral, e o mês de janeiro costuma mostrar uma redução nas ocupações devido à saída dos trabalhadores temporários”, explicou.
A sazonalidade, portanto, é um fator determinante para o crescimento da taxa de desemprego nesse período, já que muitas contratações temporárias são feitas entre outubro e dezembro, e em janeiro, essas vagas são encerradas. Renan Pieri, professor de economia da FGV EAESP, complementa dizendo que a geração de empregos ao longo do primeiro semestre de 2025 pode estabilizar, à medida que o mercado de trabalho se aproxima de um “limite de geração de empregos”.
Efeitos da Política Monetária e Recessão Econômica
Por outro lado, outros economistas, como Rafael Perez, da Suno Research, destacam que a alta na taxa de desemprego também pode ser um reflexo das dificuldades econômicas mais amplas, influenciadas pela política monetária do Banco Central. Segundo Perez, a taxa de juros mais alta (Selic) tem dificultado o crédito e afetado o consumo das famílias. “Empresários, diante de um cenário econômico mais desafiador, podem ter reduzido suas contratações ou até aumentado as demissões”, afirmou o economista.
O impacto das altas taxas de juros parece já ser sentido, principalmente nos setores mais dependentes de crédito e consumo, que apresentam sinais de desaceleração. Para o economista, o país pode estar próximo de um limite em termos de criação de empregos. “Embora o mercado de trabalho tenha experimentado um crescimento expressivo nos últimos anos, esse movimento desacelerou, o que indica que o país pode ter atingido uma situação de quase pleno emprego”, concluiu.
Conclusão
O aumento da taxa de desemprego em janeiro, embora modesto, é um reflexo da combinação de fatores sazonais e da política econômica em vigor. A perspectiva para os próximos meses é de uma possível estabilização, com a geração de empregos enfrentando limitações naturais, mas também sendo impactada pela atual conjuntura econômica. Para muitos economistas, o Brasil ainda não está enfrentando uma crise econômica profunda, mas o cenário de crescimento mais lento do mercado de trabalho pode se prolongar, exigindo mais atenção às políticas públicas e à evolução do cenário fiscal e monetário.