Dólar se aproxima de R$ 5,80 com foco na pauta fiscal, enquanto Ibovespa registra alta
O dólar à vista registrou uma leve alta nesta terça-feira (25), ampliando os ganhos observados na véspera. A moeda norte-americana subia 0,11%, negociada a R$ 5,7849, às 10h32. Na sessão anterior, o dólar também havia fechado em alta de 0,42%, a R$ 5,75. Esse movimento reflete a crescente preocupação dos investidores com os dados de inflação no Brasil e as declarações sobre a política fiscal do governo.
Mercado analisa dados de inflação e expectativas fiscais
O foco do mercado estava voltado para os dados mais recentes do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), que apresentou uma alta de 1,23% em fevereiro, após um modesto avanço de 0,11% em janeiro. Embora a variação tenha ficado abaixo da expectativa do mercado, que previa uma alta de 1,34%, o número ainda reflete uma inflação acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central, de 3%, o que contribui para as incertezas fiscais.
Os analistas continuam atentos à atuação do governo para controlar as contas públicas e reduzir os impactos da inflação. As declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, alertando para um mercado financeiro mais “tenso” do que no passado, também alimentam o cenário de apreensão. A falta de confiança no controle fiscal do governo e a recente queda de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliam a desconfiança dos investidores, que temem maiores gastos com benefícios sociais.
Ibovespa registra leve alta, acompanhando movimento do mercado
Enquanto o dólar se valorizava, o índice Ibovespa, principal indicador do mercado acionário brasileiro, subia 0,31%, alcançando 125.796,31 pontos. Apesar das pressões internas, o mercado de ações demonstrava resiliência, influenciado por fatores externos e pelo otimismo em relação a algumas perspectivas econômicas.
Cenário externo: Tensões comerciais e planos tarifários de Trump
Além dos fatores internos, o mercado também está atento às movimentações internacionais, especialmente às declarações de Donald Trump, ex-presidente dos EUA. Trump afirmou que as tarifas de 25% sobre as importações do Canadá e México estão sendo aplicadas conforme o cronograma, gerando tensões no mercado global. Embora o prazo final para a implementação das tarifas seja 4 de março, muitos investidores permanecem cautelosos, uma vez que esperavam que os países afetados persuadissem o governo dos EUA a adiar as medidas.
“A manutenção das tarifas e os comentários de Trump abalam os ativos de risco globalmente, criando um ambiente de incerteza. No entanto, ainda há incerteza sobre a estratégia do governo americano e a possibilidade de que as tarifas possam ser evitadas”, observou Eduardo Moutinho, analista do Ebury Bank.
Conclusão
A terça-feira (25) foi marcada por um cenário de incertezas tanto no Brasil quanto no exterior. O dólar continuou a subir, impulsionado por dados de inflação que seguem acima da meta do Banco Central e pela percepção de riscos fiscais no Brasil. O Ibovespa, por outro lado, conseguiu registrar uma leve alta, refletindo, em parte, as perspectivas globais.
A questão fiscal, especialmente com os temores sobre a popularidade do governo e as possíveis implicações para os gastos públicos, permanece no centro das atenções dos investidores. Já o cenário externo, com as declarações de Trump sobre tarifas, trouxe mais volatilidade ao mercado global. O dia de negociações reflete um equilíbrio delicado entre desafios internos e externos, e o mercado permanece atento às novas informações que possam surgir, especialmente em relação aos planos fiscais no Brasil e às negociações comerciais internacionais.