Politica

Denúncia contra Bolsonaro: origem e desdobramentos da investigação

A investigação da Polícia Federal (PF) que resultou na recente denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas teve início a partir de um inquérito preliminar conduzido pela Controladoria-Geral da União (CGU) no início de 2023. O caso ganhou proporções maiores ao longo do tempo, envolvendo diversas operações e depoimentos que culminaram na formalização da acusação.

Investigacão sobre falsificação de cartões de vacina

O ponto de partida da investigação foi a detecção de três registros de vacinação contra a covid-19 no cartão de vacina de Bolsonaro. A CGU comunicou à PF, que iniciou um inquérito para apurar a suposta inserção de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Em maio de 2023, a PF realizou uma operação que resultou na prisão do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e na apreensão de celulares de Bolsonaro e de seus aliados.

Acordo de colaboração de Mauro Cid

Em agosto de 2023, a investigação avançou com uma nova operação voltada à venda ilegal de joias no exterior. No mesmo período, Mauro Cid firmou um acordo de colaboração premiada e foi solto. Durante uma audiência, ele confirmou que o acordo foi feito de forma voluntária e sem coerção.

Trama golpista e novas operações

Em fevereiro de 2024, a PF identificou indícios de que uma trama golpista foi discutida após a derrota de Bolsonaro para Lula. Ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica confirmaram, em depoimentos, que o ex-presidente pressionou para a anulação do resultado eleitoral.

No mês de novembro de 2024, uma nova fase da investigação apontou supostos planos para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes, com a participação de militares.

Reviravolta na delação e acusações contra Bolsonaro

Ainda em novembro, Mauro Cid prestou novo depoimento, no qual alterou sua versão e afirmou que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para alegar fraudes nas eleições. Cid também implicou o general Braga Netto, relatando que ele recebeu uma quantia em dinheiro dentro de uma sacola de presente de vinho para financiar um golpe.

Pouco depois, a PF concluiu um relatório de mais de 800 páginas, que serviu de base para a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e os demais investigados ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Reações e próximos passos

O ex-presidente Jair Bolsonaro classificou a denúncia como “uma narrativa covarde e inventada”. A defesa do general Braga Netto também se manifestou, alegando que as declarações de Mauro Cid são “mentirosas e desprovidas de provas”.

Com a formalização da denúncia, o STF agora analisará o caso para decidir se os acusados se tornarão réus, o que poderá levar ao aprofundamento das investigações e possíveis desdobramentos judiciais para Bolsonaro e seus aliados.

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