Economia

O investimento estrangeiro na China alcançou o menor nível em quatro anos em janeiro

Em janeiro, o investimento estrangeiro direto (IED) na China caiu para o nível mais baixo em quatro anos, um reflexo da série de obstáculos enfrentados pela segunda maior economia do mundo. De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Comércio da China, o país recebeu 97,6 bilhões de yuans (cerca de US$ 13,4 bilhões) em investimentos, marcando uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Esse desempenho negativo no início de 2024 segue uma queda acentuada de 27,1% no total anual de IED em 2023, quando o investimento somou 826,3 bilhões de yuans (aproximadamente US$ 113,4 bilhões), o menor valor registrado desde 2016. Ling Ji, vice-ministro do Comércio, reconheceu que o declínio no investimento estrangeiro continua, embora a taxa de queda tenha diminuído em comparação com o ano passado.

Causas para a desaceleração do investimento estrangeiro

O governo chinês atribui a diminuição do investimento a uma combinação de fatores internos e externos. Ling Ji apontou a recuperação econômica global lenta, o aumento das tensões geopolíticas e o protecionismo como principais responsáveis pela retração. Além disso, as mudanças nas estratégias de negócios das multinacionais também contribuíram para a queda no investimento, especialmente em indústrias chave para a China, como a automotiva, maquinário e vestuário.

Outros fatores como o setor imobiliário em crise e o impacto na confiança do consumidor também afetaram o desempenho econômico. Além disso, a crescente competição de empresas nacionais, especialmente em setores como automóveis e produtos de consumo, tem afastado marcas estrangeiras do mercado chinês.

O impacto das tensões políticas e as medidas do governo chinês

Em um esforço para atrair mais investimentos, a China anunciou um novo plano de ação com 20 pontos. O objetivo é abrir ainda mais a economia e melhorar o suporte regulatório, com foco no estímulo ao investimento de longo prazo nas empresas chinesas listadas publicamente. Algumas das medidas propostas incluem a expansão de programas de propriedade estrangeira total em setores como telecomunicações, assistência médica e educação, e a criação de incentivos para o reinvestimento de empresas estrangeiras no país.

No entanto, os desafios políticos também têm afetado negativamente o apetite por investimentos estrangeiros. A introdução de leis de segurança mais rígidas e o endurecimento das regras de espionagem nos últimos anos, somados a casos de detenção de executivos estrangeiros, têm gerado preocupações entre os investidores, contribuindo para a redução da confiança no mercado chinês.

As repercussões da guerra comercial e da pandemia

Outro fator que exacerbou a situação foi a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que começou durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump e se intensificou com a pandemia de Covid-19. A diversificação das cadeias de suprimentos além da China tornou-se um movimento inevitável para muitas empresas, acelerando o processo de deslocalização de operações. A imposição de tarifas adicionais pelo presidente dos EUA, Joe Biden, também elevou as tensões comerciais entre as duas potências.

Recentemente, uma pesquisa da Câmara de Comércio Americana na China revelou que mais da metade das empresas dos EUA esperam que as relações bilaterais piorem. Com um número recorde de empresas considerando ou já transferindo suas operações para fora da China, os desafios para atrair investimentos estrangeiros aumentaram consideravelmente.

Conclusão

O declínio no investimento estrangeiro na China reflete uma série de fatores econômicos, políticos e geopolíticos que colocam a economia do país sob pressão. Embora o governo chinês esteja adotando medidas para incentivar o investimento e atrair capital estrangeiro, a desaceleração econômica, o protecionismo global e as tensões internas dificultam a recuperação.

À medida que o país enfrenta um cenário mais complexo, com um crescimento econômico em desaceleração, a China provavelmente terá de lidar com novos desafios a longo prazo, incluindo a necessidade de reformular sua abordagem ao investimento estrangeiro, preservar sua posição no comércio global e navegar pelas tensões com as potências ocidentais.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *