Rede St Marche solicita proteção judicial contra credores
A rede de supermercados St Marche, que compete com gigantes do setor como o Pão de Açúcar, entrou com um pedido na Justiça para obter proteção contra credores e evitar a declaração de vencimento antecipado de suas dívidas. A solicitação foi encaminhada à 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. A companhia, fundada há 20 anos em São Paulo e atualmente com cerca de 30 lojas no Estado, busca uma solução rápida e organizada para renegociar suas obrigações financeiras.
O Pedido de Tutela Cautelar
A empresa solicitou uma “tutela de urgência cautelar” para garantir a suspensão por até 60 dias do vencimento antecipado das dívidas e das execuções relacionadas. O objetivo é evitar a necessidade de recorrer à recuperação judicial, uma medida extrema que poderia comprometer ainda mais a sua operação. O pedido foi formalizado pelo escritório TWK Advogados e tem como base a necessidade de estabelecer uma “composição entre devedor e seus credores” de maneira eficaz.
O Risco de Vencimento Antecipado
A principal preocupação do St Marche envolve um vencimento antecipado de uma dívida significativa relacionada a debêntures emitidas pela holding não operacional STM, com vencimento previsto para 2026. Caso a dívida seja acelerada, a companhia terá que arcar com aproximadamente R$ 276 milhões. Este montante é decorrente do descumprimento de um “covenant” financeiro relacionado ao índice de alavancagem de uma de suas subsidiárias.
Além disso, a empresa afirmou que, nos últimos dias, recebeu avisos de vencimento antecipado de dívidas por parte dos fundos Quatá. A situação se agravou pela dificuldade de negociar prazos com o fundo de investimento em direitos creditórios não padronizados, Alternative Assets.
Tentativas de Crescimento e Impactos do Cenário Econômico
Em 2021, a St Marche tentou realizar uma abertura de capital (IPO) para levantar recursos destinados ao seu crescimento acelerado, mas a operação foi interrompida devido às incertezas econômicas que afetaram o mercado. A empresa também apontou o impacto negativo gerado pela crise de credibilidade envolvendo a fraude contábil bilionária da Americanas, que levou a empresa a pedir recuperação judicial em 2023. Esse escândalo afetou a confiança dos investidores e resultou em uma redução de crédito tanto para o setor quanto para o próprio St Marche.
Decisão Judicial e Próximos Passos
O juiz responsável pelo caso, Jomar Juarez Amorim, concedeu parcialmente o pedido de tutela cautelar, determinando a suspensão de execuções relacionadas a créditos sujeitos a recuperação judicial por um prazo de 60 dias. No entanto, a decisão ainda está longe de resolver completamente os problemas financeiros enfrentados pela rede. Durante esse período, o St Marche terá tempo para tentar um acordo com seus credores e reestruturar suas finanças antes de tomar medidas mais drásticas.
Conclusão
A situação do St Marche reflete um contexto de dificuldades econômicas e de gestão de dívidas que afeta muitas empresas do setor varejista, especialmente após o colapso de grandes nomes como a Americanas. Com o apoio da Justiça, a rede tem agora uma janela de 60 dias para tentar reverter a situação e evitar um processo de recuperação judicial que poderia comprometer sua operação.
Embora a decisão judicial tenha sido um alívio temporário para o St Marche, o futuro da empresa ainda depende de sua capacidade de negociar com credores e reverter o impacto das dificuldades financeiras. A empresa precisará demonstrar agilidade e um plano sólido para restabelecer sua estabilidade financeira e evitar maiores prejuízos.