Eduardo Bolsonaro debocha das acusações contra Jair e menciona o “golpe da Disney”
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reagiu com ironia, na noite de terça-feira (18), à denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado como participante de uma trama golpista que teria como objetivo desestabilizar o processo eleitoral de 2022. O caso, que foi investigado pela Polícia Federal (PF), envolve acusações de organização criminosa e tentativa de golpe de Estado após a eleição presidencial.
Em uma transmissão ao vivo, acompanhada pelo economista Paulo Renato de Oliveira Figueiredo, também envolvido no caso, Eduardo Bolsonaro ridicularizou as acusações. Ele classificou o episódio como um “golpe de Estado da Disneylândia” (ou “Disneyland coup d’état”, em inglês), questionando a seriedade das alegações e ironizando a suposta trama. O deputado, que está nos Estados Unidos, fez uma comparação absurda sobre como um golpe de Estado seria planejado e executado.
“É aquela história, né? O cara ia fazer um golpe. Ele falou: ‘Vamos fazer o seguinte: eu vou deixar de ser presidente, aí quando eu deixar de ser presidente, não comandar mais as Forças Armadas, não terei acesso à polícia, nem nada, aí a gente vai lá para fazer um golpe. Mas a gente vai melhorar. Antes de a gente dar um golpe, vou antecipadamente nomear os comandantes das Forças que o cara que vai sofrer golpe, o Lula, vai decidir. Para encorajar a rapaziada, eu vou para os Estados Unidos. Aí, quando o golpe estiver em execução, vou tuítar lá da Disneylândia, falando assim: voltem para as suas casas, não façam isso, sou contra”, comentou o deputado, minimizando a gravidade das acusações.
A Denúncia da PGR e as Acusações de Envolvimento em Golpe
Horas antes da reação de Eduardo Bolsonaro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, havia formalizado uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) acusando 34 pessoas, incluindo o ex-presidente, de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Jair Bolsonaro é acusado de crimes graves como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, e danos ao patrimônio da União.
A defesa de Bolsonaro se posicionou contra a denúncia, alegando que ela é “inepta” e se baseia exclusivamente em uma delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. A defesa afirma que a delação é inconsistente e que o delator mudou diversas vezes sua versão, o que enfraquece a narrativa apresentada pela PGR.
Próximos Passos no Processo Judicial
Após o envio da denúncia ao STF, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, abrirá um prazo de 15 dias para que a defesa de Bolsonaro apresente suas argumentações. Caso haja contestações, a PGR terá cinco dias para se manifestar. O caso será então reavaliado por Moraes, que decidirá se os acusados serão ou não transformados em réus.
Se a denúncia for aceita, o processo seguirá para uma ação penal formal, com a coleta de provas e depoimentos das partes envolvidas. No entanto, não há previsão para a conclusão do julgamento, que será feito pela Primeira Turma do STF.
Conclusão
A reação de Eduardo Bolsonaro à denúncia da PGR reflete um clima de desconfiança em relação às investigações e um esforço contínuo de desqualificar as acusações. Enquanto a defesa de Jair Bolsonaro sustenta que a denúncia é infundada, as investigações apontam para uma possível tentativa de enfraquecimento das instituições democráticas e a articulação de um golpe de Estado.
O desenrolar dos próximos passos judiciais será crucial para definir se as acusações se concretizarão em um processo legal formal ou se serão arquivadas. Para Bolsonaro, as críticas e a campanha pela sua inocência continuarão sendo uma constante, especialmente em um cenário político altamente polarizado. A decisão do STF terá implicações não apenas no campo jurídico, mas também na arena política, onde o ex-presidente mantém uma base de apoio fervorosa.