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Cid revela que ex-comandante do Exército considerou punir Mario Fernandes

Brasília – Em uma revelação chocante durante sua delação premiada, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, considerou punir o general da reserva Mario Fernandes por sua postura ostensiva durante os acontecimentos que antecederam os ataques de 8 de janeiro. De acordo com Cid, Fernandes teria sido uma das figuras-chave em um plano golpista envolvendo militares e setores próximos a Bolsonaro.

Plano “Punhal Verde e Amarelo”

Segundo a Polícia Federal, Fernandes foi apontado como o responsável pela elaboração do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que, entre outras ações, previa a execução de líderes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), incluindo o próprio presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Cid, em sua delação, descreveu Fernandes como um dos generais mais empenhados em tentar impedir a posse de Lula, e afirmou que ele incentivava ações das Forças Armadas para dar suporte a uma tentativa de golpe de Estado.

Tensões no comando militar

Cid também relatou que Freire Gomes, ao perceber as ações de Fernandes, se opôs fortemente aos encontros do general com Bolsonaro e chegou a expressar preocupações sobre sua postura, especialmente nas redes sociais e durante protestos de apoio ao ex-presidente. “Ele estava com os manifestantes o tempo todo. Inclusive, o general Freire Gomes até cogitou punir ele, porque ele estava muito ostensivo na pressão que ia ser feita nos generais”, relatou Cid.

O depoimento também revela que Freire Gomes ficou alarmado ao saber que Fernandes havia se reunido com Bolsonaro e entrou em contato com Cid para expressar sua preocupação. “Esse cara é maluco, tira ele daí”, teria dito o ex-comandante do Exército, conforme o relato de Cid.

Consequências da delação

As declarações de Mauro Cid contribuíram para o avanço da investigação sobre a trama golpista, o que levou à inclusão de Bolsonaro no inquérito conduzido pela Polícia Federal (PF). Como resultado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou 34 pessoas, incluindo o ex-presidente, por envolvimento no planejamento do golpe de Estado.

Nesta quarta-feira (19), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a retirada do sigilo da delação de Cid, permitindo que os depoimentos sejam tornados públicos. As informações obtidas a partir dos depoimentos do ex-ajudante de ordens têm sido fundamentais para a compreensão da articulação que visava desestabilizar o governo de Lula.

Conclusão

Com a denúncia da PGR e a ampla repercussão das delações, o cenário político brasileiro se torna ainda mais tenso, com desdobramentos que podem alterar a trajetória judicial de diversos envolvidos. A investigação sobre o golpe de Estado continua a se expandir, e o papel de figuras como Mario Fernandes e Jair Bolsonaro, entre outros, segue sendo analisado sob a ótica da Justiça. O impacto dessas revelações nas futuras decisões do STF e nas possíveis consequências legais para os acusados continua a ser uma questão de grande importância para o país.

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