Haddad afirma que uma inflação entre 4% e 5% está dentro dos parâmetros do Plano Real
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (17) que uma inflação entre 4% e 5% está dentro do que seria considerado “relativamente normal” para o Brasil, mesmo estando fora da meta estabelecida pelo governo. Em sua participação no evento do Fundo Monetário Internacional (FMI), na Arábia Saudita, o chefe da equipe econômica explicou que essa faixa de inflação está dentro dos parâmetros históricos do país desde a implementação do Plano Real, há 30 anos.
Inflação Abaixo dos Níveis Anteriores
Em suas declarações, Haddad ressaltou a importante evolução do Brasil nos últimos anos. O país conseguiu reduzir a inflação de dois dígitos, registrada há três anos, para a atual faixa de 4% a 5%. Segundo ele, esse nível é considerado normal no contexto histórico da economia brasileira, especialmente quando comparado à inflação elevada do passado.
“Deixamos uma inflação de dois dígitos atrás de nós, e agora estamos com uma inflação na faixa de 4% a 5%, o que é relativamente normal para o Brasil desde o Plano Real”, afirmou Haddad. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024, por exemplo, foi de 4,83%, o que ultrapassa a meta do governo, fixada em 3%, mas ainda está dentro da margem de tolerância de 1,5%.
Fatores Externos e O Papel do Dólar
Um dos pontos destacados pelo ministro foi o impacto do “encarecimento” do dólar no final de 2024, que gerou um “repique” inflacionário no Brasil. Esse aumento do dólar pressionou os preços, forçando o Banco Central a intervir com ajustes na taxa de juros para controlar a inflação. No entanto, Haddad afirmou que a moeda norte-americana já voltou aos “níveis apropriados”, o que deve ajudar na estabilização dos preços.
Ajustes Fiscais e Perspectivas Econômicas
Haddad também enfatizou que os ajustes fiscais promovidos pelo governo não são “recessivos” e que a expectativa é de um crescimento econômico de 3% a 4%, com a inflação em queda. Ele acredita que, com a estabilização do dólar e os ajustes fiscais, o Banco Central em breve poderá parar de subir a taxa de juros, conhecida como Selic.
“Com a queda do dólar e as políticas fiscais adotadas, acredito que a inflação se estabilize e, em breve, o Banco Central poderá reduzir a Selic”, afirmou o ministro.
O Papel do Banco Central na Meta de Inflação
Para controlar a inflação e alcançar a meta do governo, o Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como ferramenta de controle econômico. Se os indicadores econômicos estiverem alinhados com a meta de inflação, o BC pode optar por reduzir a Selic. Caso contrário, como tem ocorrido recentemente, a taxa de juros pode continuar subindo.
Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano, o que coloca o Brasil com a maior taxa de juros do mundo. A última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) indica que os juros podem continuar a subir se necessário, para controlar a inflação e garantir a estabilidade econômica.
Conclusão
Embora a inflação atual do Brasil esteja fora da meta do governo, o ministro Fernando Haddad vê a situação de forma relativamente positiva, considerando os desafios superados nos últimos anos. A queda da inflação de dois dígitos para 4% a 5% é, segundo ele, um reflexo de avanços importantes na política econômica. No entanto, o governo ainda enfrenta desafios, como a flutuação do dólar e a necessidade de controlar os preços sem prejudicar o crescimento econômico. Com ajustes fiscais e a estabilização do mercado, a expectativa é que o Brasil consiga alcançar um cenário mais equilibrado no futuro próximo.