Secretário da Fazenda afirma que governo nota desaceleração econômica
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou nesta segunda-feira (17) que o governo brasileiro tem identificado sinais claros de desaceleração na economia. Em sua análise, Durigan ressaltou que o crescimento de 2025 provavelmente será mais modesto em comparação aos dois anos anteriores. Ele mencionou que os dados mais recentes, como os do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), além de informações de janeiro e fevereiro, já indicam uma tendência de esfriamento da economia.
Durigan, que estava participando de um evento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), em São Paulo, afirmou que esse cenário é natural, dado que o país atravessa um ciclo de juros elevados, o que influencia diretamente o crescimento econômico. “É natural que 2025 tenha crescimento um pouco inferior ao que a gente viu nos dois anos anteriores”, explicou o secretário.
Política Monetária e Seus Efeitos no Crescimento Econômico
A política monetária também foi um ponto abordado por Durigan. Ele destacou que o Banco Central, que atualmente está em um ciclo de aumento nas taxas de juros, representa um fator relevante e desafiador para a retomada do crescimento. O objetivo de conter a inflação com essa política de juros mais altos tem sido uma das prioridades da autoridade monetária, mas Durigan afirmou que a desaceleração da atividade econômica também deve colaborar para a redução da inflação, o que, por sua vez, pode abrir caminho para um afrouxamento nas taxas de juros no futuro.
Cautela do Banco Central: Resfriamento ou Volatilidade?
Apesar dos sinais de desaceleração, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, tem adotado uma postura mais cautelosa. Em suas declarações, Galípolo afirmou que a instituição precisa de mais tempo para analisar se os dados mais recentes indicam uma tendência de resfriamento da economia ou se são apenas flutuações temporárias. Essa cautela é fundamental para que o Banco Central tome as decisões mais adequadas para garantir a estabilidade econômica a longo prazo.
Expectativas para o Câmbio e o Ajuste Fiscal
Outro tema abordado por Durigan foi a necessidade de uma maior estabilidade no mercado cambial e nas expectativas do mercado financeiro para este ano. O secretário destacou que um dos principais desafios para 2025 é proporcionar um ambiente de “calmaria” nas variáveis econômicas, o que contribuiria para um crescimento mais estável.
Em relação à política fiscal, Durigan reiterou que o governo está focado em promover um ajuste fiscal, com o objetivo de alcançar um superávit primário nas contas públicas até o fim do atual mandato, em 2026. Ele também mencionou a importância de o país recuperar o grau de investimento junto às agências de classificação de risco.
Reforma do Imposto de Renda: Novidades e Contrapartidas
Durante o evento, Durigan também falou sobre a esperada reforma do Imposto de Renda. Ele revelou que a proposta que o governo apresentará será tecnicamente viável e focará em preservar o equilíbrio fiscal do país. A reforma trará uma isenção para quem recebe até R$ 5 mil, uma medida que visa aliviar a carga tributária para as faixas de renda mais baixas. No entanto, como contrapartida, será introduzido um imposto mínimo de até 10% sobre a parcela mais rica da população.
O secretário também reforçou que a reforma levará em consideração os impostos já pagos pelas empresas, para evitar sobrecarregar aquelas que estão em conformidade com as regras fiscais. Ao mesmo tempo, ele mencionou que sócios de empresas com tributação abaixo da média terão de arcar com uma carga maior de impostos.
Conclusão
Diante da desaceleração econômica e dos desafios impostos pela política monetária e fiscal, o governo brasileiro se prepara para enfrentar um 2025 com crescimento mais modesto. As medidas de ajuste fiscal, o foco na reforma tributária e a tentativa de estabilizar o câmbio são essenciais para garantir que o Brasil continue em uma trajetória de recuperação. Embora a situação atual apresente dificuldades, a implementação de reformas estruturais, como a do Imposto de Renda, pode ajudar a fortalecer a economia e garantir um futuro mais equilibrado e sustentável.