Dólar sofre oscilações devido às tarifas de Trump e à guerra na Ucrânia; bolsa registra alta
O mercado financeiro brasileiro nesta segunda-feira (17) registrou oscilações discretas no dólar à vista, que acompanhou um cenário global de cautela. O feriado nos Estados Unidos e a falta de dados econômicos impactaram a liquidez, deixando os investidores atentos a movimentos internacionais que podem influenciar os próximos passos da moeda. O foco permanece em dois aspectos centrais: as tarifas comerciais de Donald Trump e o desenrolar da guerra na Ucrânia, ambos com repercussões globais.
Cenário Internacional: Tensões no Mercado Global
O dólar apresentou leves oscilações devido à baixa liquidez proporcionada pelo feriado do Dia dos Presidentes nos EUA. Com mercados fechados e poucos dados econômicos disponíveis, a atenção dos investidores se volta para eventos internacionais que podem gerar volatilidade nos mercados. Um dos temas mais discutidos no momento é o encontro entre representantes dos EUA e da Rússia, que ocorrerá em Riade, na Arábia Saudita, na terça-feira. O objetivo do encontro é discutir o restabelecimento de laços diplomáticos e, quem sabe, a busca por uma solução para o conflito na Ucrânia, que já dura quase três anos. A guerra tem provocado impactos diretos nas commodities globais, principalmente no mercado de grãos e petróleo.
Outro fator que ainda gera cautela no mercado financeiro são os planos tarifários de Donald Trump. O ex-presidente dos EUA tem pressionado sua equipe econômica a estudar tarifas recíprocas sobre produtos de outros países, o que potencialmente agravaria o cenário inflacionário global. Contudo, nas últimas semanas, analistas têm demonstrado certo alívio com a percepção de que as ameaças tarifárias são mais uma tática de negociação do que ações concretas que impactariam de imediato o comércio internacional.
Mercado Local: Crescimento e Pressão Inflacionária
No cenário doméstico, o Brasil encerrou 2024 com um crescimento econômico de 3,8%, conforme dados do Banco Central, embora tenha registrado uma desaceleração no quarto trimestre. Este resultado, mesmo com o impacto de um dezembro abaixo das expectativas, sugere uma economia que perdeu força, mas ainda manteve uma trajetória positiva ao longo do ano.
Além disso, o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), subiu 0,87% em fevereiro, uma aceleração significativa comparada ao mês anterior (0,53%). O aumento foi impulsionado pela alta no preço do café, tanto no atacado quanto no varejo, o que representa uma pressão adicional sobre a inflação. Com isso, as expectativas de inflação para 2025 e 2026 foram ajustadas para cima. A pesquisa Focus do Banco Central mostra que o IPCA, índice oficial da inflação, deverá fechar este ano em 5,60% e, em 2026, espera-se que a inflação seja de 4,35%.
Conclusão
Com o mercado externo influenciado por fatores geopolíticos e o cenário local evidenciando crescimento moderado, a semana promete ser de atenção redobrada para os investidores. O dólar, que fechou a sexta-feira (14) com uma queda significativa de 1,22%, mostrando um patamar de R$ 5,6974, permanece volátil, reagindo aos desdobramentos da guerra na Ucrânia e à incerteza sobre as tarifas comerciais de Trump. Além disso, o aumento nas expectativas de inflação no Brasil pode gerar desafios adicionais para a política monetária.
Com o mercado fechado nos EUA nesta segunda-feira, a liquidez tende a ser reduzida, e os próximos dias serão cruciais para observar como os investidores irão reagir às atualizações de dados econômicos e possíveis anúncios internacionais. A postura cautelosa permanece, mas a expectativa é que o cenário geopolítico e as questões econômicas globais impactem diretamente o comportamento da moeda e das ações no Brasil.