O governo Lula está considerando adotar uma estratégia semelhante à dos mandatos de Temer e Bolsonaro
Em meio à recente decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar sobretaxas sobre o aço brasileiro, fontes relevantes do governo Lula afirmam que a melhor estratégia para o Brasil seria buscar uma negociação direta, à semelhança das negociações realizadas durante os mandatos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Tal abordagem, segundo as autoridades, seria mais eficaz do que outras opções, como recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou adotar medidas retaliatórias.
O Histórico de Negociações no Setor de Aço
O Brasil já enfrentou uma situação semelhante em 2018, quando o então presidente dos EUA, Donald Trump, impôs tarifas sobre o aço importado de diversos países, incluindo o Brasil. Na ocasião, o governo de Michel Temer adotou a postura de negociação, com o objetivo de evitar que o aço brasileiro fosse alvo das novas taxas. As negociações se estenderam até maio de 2018, quando Trump decidiu também aplicar tarifas sobre o alumínio brasileiro.
Após essa decisão, o Brasil emitiu uma nota afirmando que as medidas tomadas pelos EUA eram de responsabilidade exclusiva do governo americano, mas que o Brasil permanecia aberto para buscar soluções que atendesse aos interesses dos setores de aço e alumínio de ambos os países. Esse esforço diplomático acabou trazendo resultados positivos: em agosto de 2018, Trump flexibilizou as restrições sobre o aço brasileiro.
Ainda no governo Bolsonaro, novas tarifas foram cogitadas em 2019, desta vez devido à desvalorização do real, mas, novamente, o Brasil seguiu com negociações e, em dezembro de 2019, o governo brasileiro anunciou que Trump desistira de implementar a medida.
A Alternativa da OMC: Uma Opção Menos Eficaz
Em relação à decisão recente de Trump, uma das possibilidades discutidas seria recorrer à OMC. No entanto, setores relevantes do governo Lula acreditam que essa opção seria pouco eficaz, uma vez que a organização tem mostrado limitações em resolver disputas comerciais de forma ágil e assertiva. Além disso, adotar esse caminho poderia ser interpretado como uma tentativa de criar um contencioso com os EUA, o que, em um momento de tensão, não seria uma estratégia desejável.
Desafios no Novo Cenário Político
Embora a negociação tenha sido a tática adotada anteriormente, o cenário político atual traz desafios adicionais. Uma das questões que pesa é o apoio público de Luiz Inácio Lula da Silva à vice-presidente Kamala Harris, em plena véspera das eleições nos EUA. Além disso, a primeira-dama, Janja da Silva, foi alvo de controvérsias ao criticar publicamente Elon Musk, um nome de destaque na administração Trump, o que também pode complicar as relações bilaterais.
Conclusão
Apesar das dificuldades, o governo Lula parece estar inclinado a seguir o caminho das negociações, aprendendo com as experiências anteriores. No entanto, é evidente que o contexto atual exige uma estratégia mais cautelosa, considerando tanto os fatores internos, como o histórico de relações com os EUA, quanto os fatores externos, que envolvem a dinâmica política e econômica internacional. A aposta é que o Brasil conseguirá encontrar um equilíbrio para defender seus interesses sem recorrer a medidas extremas ou confrontos diretos com o governo dos Estados Unidos.