O BCE alerta que a Europa pode sofrer grandes perdas na guerra comercial entre os EUA e a China
O Banco Central Europeu (BCE) segue adotando uma postura cautelosa em relação à sua política monetária, com uma expectativa de cortes nas taxas de juros, mas com o impacto de fatores externos, como a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, colocando um freio nas perspectivas econômicas da zona do euro. O membro do conselho do BCE, Piero Cipollone, explicou que, embora a inflação tenha se moderado, a pressão externa pode afetar negativamente o crescimento da economia da região.
O Espaço para Novos Cortes nas Taxas de Juros
Desde junho, o BCE já reduziu os custos dos empréstimos em cinco ocasiões, à medida que as preocupações com o crescimento econômico passaram a superar os temores com os preços. A previsão é de que mais cortes ocorram ainda em 2025, com os investidores antecipando pelo menos três movimentos adicionais. Cipollone afirmou que “há espaço para ajustar as taxas para baixo”, indicando que, apesar das dificuldades externas, a taxa de juros ainda permanece em território restritivo.
Inflação e Crescimento: O Desafio de Equilibrar
A inflação anual na zona do euro atingiu 2,5% no mês passado, mas o BCE espera que ela volte à meta de 2% até meados do ano. Para Cipollone, o impacto das tarifas comerciais poderá afetar o crescimento da Europa, embora não leve a uma recessão. O mercado de trabalho continua estável, e setores como construção civil e até mesmo a indústria, que estava em recessão nos últimos dois anos, estão começando a se recuperar.
No entanto, o risco permanece em grande parte vinculado aos preços de energia e às tensões comerciais globais, que continuam pressionando a economia. “Podemos não estar crescendo, mas não estou esperando uma recessão”, afirmou Cipollone, refletindo uma visão cautelosa e realista sobre o futuro próximo.
O Impacto da Guerra Comercial Entre os EUA e a China
A principal preocupação de Cipollone se refere ao impacto da política comercial dos Estados Unidos, especialmente em relação à China. O membro do BCE alertou que, caso os EUA se envolvam em uma guerra comercial total com a China, as consequências para a Europa podem ser profundas. Com a China controlando 35% da capacidade de fabricação global, a redução das exportações para os EUA pode levar Pequim a buscar novos mercados, incluindo a Europa, o que poderia reduzir o crescimento e afetar negativamente os preços no bloco europeu.
Conclusão
Embora o BCE tenha adotado medidas para ajustar suas taxas de juros, há uma série de fatores externos, especialmente as tensões comerciais, que podem desviar a trajetória de crescimento da zona do euro. As previsões para o futuro indicam uma economia europeia resiliente, mas vulnerável aos choques globais. A questão crucial será se o BCE conseguirá equilibrar a necessidade de estimular o crescimento com os desafios externos, como a guerra comercial entre os EUA e a China, sem que isso comprometa a estabilidade econômica da região.
A crise energética, aliada ao comportamento imprevisível das políticas comerciais globais, continua sendo uma ameaça para as projeções de crescimento. O cenário é de cautela, com Cipollone destacando que a Europa ainda tem espaço para ajustes, mas sem promessas de um caminho fácil à frente. O foco do BCE parece ser garantir que a recuperação econômica, embora lenta, siga avançando sem grandes retrocessos.