Pesquisa revela que Lula precisa criar um “novo Bolsa Família” até 2026
Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu com tranquilidade às críticas do presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmando que as eleições de 2026 ainda estavam distantes e que estava “tranquilo” sobre o assunto. No entanto, a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira (3) mostra que, apesar da liderança de Lula nas intenções de voto, a situação política e eleitoral demanda mais atenção e, principalmente, resultados concretos.
O cenário eleitoral e as intenções de voto
A pesquisa revelou que Lula permanece à frente nas intenções de voto, com números consistentes que giram em torno de um terço do eleitorado brasileiro. Nos quatro cenários de primeiro turno analisados, sempre sem a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, e representado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o presidente atual lidera. A vantagem se mantém também nas simulações de segundo turno, variando de 6 pontos percentuais contra o cantor Gusttavo Lima (sem partido) a 19 pontos em relação ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).
Porém, um ponto de preocupação para o governo surge na rejeição ao nome de Lula, que está ligeiramente maior que o seu potencial de votos: 49% contra 47%, respectivamente. Embora esses números estejam dentro da margem de erro, a tendência de queda tem sido visível desde o segundo semestre de 2023. A avaliação negativa de seu governo tem mostrado um impacto crescente na opinião pública.
O legado e o desafio do “novo Bolsa Família”
Lula tem histórico de recuperação da popularidade eleitoral, tanto dentro quanto fora do governo. No primeiro mandato, enfrentou um dos maiores índices de rejeição em 2005, mas conseguiu reverter a situação com políticas públicas de sucesso, como o Bolsa Família e o Luz para Todos, que foram fundamentais para sua reeleição em 2006. Essas ações não só aumentaram a renda de milhões de brasileiros, como também mudaram a dinâmica de voto no Brasil, especialmente no Nordeste e entre as camadas de menor renda e escolaridade.
Entretanto, com o atual cenário econômico mais desafiador, sem políticas tão impactantes quanto o Bolsa Família e o Luz para Todos, a recuperação da popularidade de Lula se torna mais complexa. O cenário externo também está menos favorável, com o governo dos EUA sob Donald Trump e uma China com crescimento mais lento, fatores que dificultam ainda mais a implementação de ações sociais de grande alcance.
A cobrança interna e o papel da comunicação do governo
Dentro do governo, cresce a cobrança por resultados concretos. A nomeação de Sidônio Palmeira para o cargo de ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da gestão petista reflete a necessidade de uma maior articulação e alinhamento de mensagens para reverter a queda nas avaliações do governo. A pressão para apresentar resultados tangíveis para a população se torna ainda mais urgente à medida que o governo se aproxima de um ano crucial em termos eleitorais.
Oportunidade para a oposição
Ao mesmo tempo, a oposição começa a ver uma janela de oportunidade. Com um cenário mais instável e a necessidade do governo de apresentar um “novo Bolsa Família” ou equivalente, a direita tem a missão de articular uma alternativa viável ao governo Lula para 2026. A oposição precisará filtrar os diversos potenciais candidatos e definir uma proposta que atraia eleitores insatisfeitos com o atual governo, construindo uma narrativa de mudança.
Conclusão
Tanto o governo quanto a oposição terão muito trabalho pela frente em 2025. Para Lula, o desafio será reconquistar a confiança popular, com foco na implementação de políticas públicas eficazes que respondam às necessidades da população e, ao mesmo tempo, fortalecer a comunicação do governo. Para a oposição, a tarefa será unir forças e construir um projeto que seja capaz de apresentar uma alternativa real e viável para os eleitores, especialmente os indecisos.
Com a eleição de 2026 se aproximando, 2025 será um ano de intensas articulações, e a capacidade de ambos os lados de se adaptar e se conectar com os eleitores poderá definir o futuro político do Brasil.