O preço da carne no Brasil subiu quase cinco vezes mais do que o preço de exportação, e a principal explicação para essa disparidade está no câmbio
De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o preço da carne bovina no Brasil subiu muito mais do que a média internacional, com a principal explicação para essa disparada sendo o câmbio. A alta do dólar tem sido um fator crucial nesse aumento, com o preço da carne no Brasil subindo quase cinco vezes mais do que o valor das exportações. A diferença é atribuída principalmente à desvalorização do real.
Em dezembro de 2024, os produtores brasileiros venderam carne bovina a uma média de US$ 4.952 por tonelada no mercado internacional, o que representou um aumento de 4,3% ao longo do ano. No entanto, no Brasil, o preço pago pelos consumidores nos supermercados subiu muito mais: um aumento de 20,8%, conforme dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Esse aumento foi quase cinco vezes superior ao crescimento do preço em dólares.
Esse cenário é reflexo da desvalorização do real em 2024, que fez o dólar ficar 27% mais caro no Brasil. Como resultado, os produtores acabaram recebendo 27% mais reais por suas exportações. Para manter a competitividade no mercado interno, os produtores ajustaram os preços para compensar a perda de valor da moeda brasileira, e os consumidores sentiram essa disparada no preço da carne no seu orçamento.
A alta do dólar também foi impulsionada pela falta de confiança na política fiscal do governo Lula e pelas mudanças nas taxas de juros nos Estados Unidos. Essas flutuações cambiais impactaram diretamente o mercado doméstico, levando ao aumento substancial do preço da carne bovina no Brasil.