Politica

Brasil acredita que o pragmatismo de Trump facilitará o diálogo com Lula

Diplomatas indicam que, devido à crescente influência chinesa na América do Sul, uma aproximação entre os presidentes brasileiro e americano é inevitável

O governo brasileiro avalia que o pragmatismo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, levará à abertura de um canal de diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com diplomatas e assessores do governo brasileiro, a crescente presença da China na América do Sul é um fator que irá, mais cedo ou mais tarde, forçar Trump a se aproximar do Brasil, a maior potência política e econômica da região, evitando assim um maior crescimento da influência chinesa.

A Necessidade de Diálogo: Brasil como Prioridade na América do Sul

Assessores próximos a Lula apontam que, embora o presidente americano tenha demonstrado uma postura inicial de enfrentamento, característica de um candidato, é inevitável que ele busque um diálogo com o Brasil. Em um cenário geopolítico marcado pela crescente presença da China, especialmente em países da América do Sul e da África, a diplomacia americana não poderá se dar ao luxo de negligenciar um parceiro estratégico como o Brasil. A ideia de focar apenas na Argentina de Javier Milei, conforme sugerido por alguns analistas, parece cada vez mais distante, dada a importância que o Brasil representa no continente.

Pressão Chinesa e a Necessidade de uma Resposta Diplomática

O governo brasileiro acredita que, diante da pressão crescente da China, que vem ampliando suas relações comerciais e políticas na América do Sul e na África, Trump será forçado a adotar uma postura mais diplomática. Isso se deve ao risco de uma perda de influência, especialmente no que tange ao “soft power” dos Estados Unidos – o poder de atração e persuasão que o país exerce por meio de sua cultura, economia e valores.

Com esse cenário em mente, o governo brasileiro vê oportunidades para que o presidente Lula e Trump se encontrem e discutam questões de interesse comum. A expectativa é que esse diálogo ocorra em eventos internacionais importantes, como a Assembleia Geral da ONU, prevista para setembro, e a reunião do G20, que acontecerá em novembro.

COP30 e Possível Presença de Trump: Estratégia Diplomática Brasileira

Embora o governo brasileiro não acredite em uma participação de Trump na COP30, que ocorrerá em Belém, a diplomacia brasileira fará questão de reforçar o convite. Uma das razões para essa estratégia é a possibilidade de o presidente chinês, Xi Jinping, marcar presença no evento, o que poderia influenciar a decisão de Trump de também comparecer, dada a natureza do evento e as questões climáticas envolvidas.

Vale lembrar que Trump tem adotado uma postura ambígua em relação à China, ora criticando, ora elogiando o presidente chinês. Essa dinâmica de idas e vindas em relação à China também deve desempenhar um papel crucial na abertura de um diálogo com o Brasil, que se posiciona como um aliado estratégico no enfrentamento da crescente influência asiática.

Conclusão

O governo brasileiro está ciente dos desafios e das oportunidades que podem surgir nas relações diplomáticas com os Estados Unidos, especialmente com a presidência de Trump. A pressão crescente da China sobre a América do Sul cria um cenário onde uma aproximação entre Brasil e Estados Unidos parece não ser apenas desejável, mas necessária. Embora as conversas ainda estejam em um estágio preliminar, as oportunidades de encontro durante eventos internacionais em 2025 oferecem um terreno fértil para fortalecer a relação entre os dois países. A diplomacia brasileira continua a trabalhar para garantir que o Brasil se mantenha no centro das discussões globais, aproveitando as oportunidades que surgirem nesse cenário de mudanças geopolíticas.

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