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A iniciativa IBGE+ foi suspensa temporariamente por decisão conjunta


O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciaram, nesta quarta-feira (29), a suspensão temporária da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+). A decisão foi tomada em conjunto pelas duas entidades e vem após um período de intensas críticas internas à gestão do IBGE, especialmente sobre a criação da fundação. O IBGE+ foi concebido com o objetivo de apoiar o desenvolvimento institucional e ampliar as fontes de recursos do Instituto, mas encontrou resistência entre os servidores, o que gerou uma crise no ambiente de trabalho.

Crise interna e críticas à gestão do IBGE

A crise no IBGE começou a se intensificar em setembro do ano passado, quando uma carta sem autoria, denominada “Declaração Pública dos Servidores do IBGE”, foi amplamente divulgada. O documento criticava a criação da Fundação IBGE+ e denunciava a falta de diálogo com os funcionários do Instituto, que acusaram a fundação de ser implementada sem transparência e de afetar a independência administrativa e técnica do IBGE. A carta também destacava a falta de envolvimento dos servidores na concepção da fundação, que foi formalizada em sigilo e sem a devida comunicação interna.

Além disso, em janeiro deste ano, os diretores Elizabeth Hypolito e João Hallak Neto pediram exoneração de seus cargos, manifestando descontentamento com a condução da gestão de Márcio Pochmann. Uma nova carta foi divulgada em seguida, assinada por diretores e gerentes do IBGE, acusando Pochmann de adotar um estilo de gestão autoritário e político, que estaria colocando em risco a missão institucional e os princípios que orientam o trabalho do IBGE.

Medidas de apoio e cronograma de pesquisa

Em meio ao cenário de crise, o Ministério do Planejamento e Orçamento se comprometeu a apoiar o IBGE por meio da Lei Orçamentária Anual (LOA), garantindo recursos para a formulação do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola de 2025. Este é considerado um dos projetos mais importantes do IBGE, envolvendo treinamentos e contratações para a realização da pesquisa. A decisão visa garantir a continuidade de projetos essenciais, mesmo diante das dificuldades internas.

Resistência à gestão e posicionamento de Pochmann

Em relação às críticas à gestão, Márcio Pochmann, presidente do IBGE, afirmou que as manifestações contra sua administração são “normais em um regime democrático” e que questionamentos e resistências fazem parte do processo. Durante o lançamento do plano de trabalho do IBGE para 2025, Pochmann defendeu a criação de medidas como a Fundação IBGE+, destacando que diante do subfinanciamento do Instituto, era necessário tomar decisões difíceis para garantir a execução dos projetos.

Conclusão: Desafios e o futuro do IBGE

A suspensão temporária da Fundação IBGE+ é um reflexo da tensão interna que permeia o Instituto. A falta de diálogo entre a administração e os servidores tem gerado descontentamento, colocando em risco a estabilidade e a missão institucional do IBGE. A medida tomada em conjunto com o Ministério do Planejamento visa, por enquanto, minimizar os impactos dessa crise, ao mesmo tempo em que o foco permanece na execução de pesquisas fundamentais, como o Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola. O futuro do IBGE dependerá de uma resolução mais ampla dessa crise interna, que envolva um maior entendimento e colaboração entre sua gestão e seus funcionários, garantindo a manutenção da independência técnica e a eficácia de suas operações.

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