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Zema responde às críticas de Lula: “Jesus perdoaria todas as dívidas”

Conflito entre o governador de Minas Gerais e o presidente da República ganha novos contornos após cerimônia de concessão da BR-381.

Na última quarta-feira (22), o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), respondeu com contundência às declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381. O evento, que visava formalizar a parceria pública e privada para a revitalização de uma das rodovias mais perigosas do país, acabou sendo palco de uma troca de farpas entre o presidente e o governador mineiro.

A Crítica de Lula e a Resposta de Zema

O embate teve início quando Lula, durante o evento, criticou Zema por não reconhecer o esforço do governo federal na resolução das dívidas dos estados. O presidente comparou o seu ato de negociar a dívida pública com algo digno de “Jesus Cristo”, em uma alusão à generosidade de sua proposta de refinanciamento da dívida estadual.

Em resposta, Zema não hesitou em rebater. Em suas palavras, o governador afirmou que “Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil.” A declaração de Zema apontou a crítica aos altos custos financeiros impostos pelos juros nas dívidas dos estados, algo que ele considera injusto para os entes federativos.

Zema também reafirmou seu compromisso com a governança e a saúde financeira de Minas Gerais, ao mesmo tempo em que reforçou seu apelo aos congressistas para que derrubem os vetos presidenciais à Lei Complementar 212/2025, a qual regulamenta o Programa de Pleno Pagamento da Dívida dos Estados (PROPAG). O governador acredita que, com a derrubada dos vetos, será possível garantir “justiça e previsibilidade” para o Estado.

A Ausência de Zema e a Tensão Política

Outro ponto que gerou uma série de discussões foi a ausência de Romeu Zema na cerimônia de assinatura da concessão da BR-381, evento no qual o presidente Lula teve a oportunidade de tecer críticas ao governo mineiro. Lula não poupou palavras ao afirmar que Zema deveria ter comparecido à cerimônia para entregar um “troféu” ao presidente, mencionando que ele nunca vetou projetos de governadores ou prefeitos por questões políticas.

Em suas redes sociais, Zema não demorou a se pronunciar sobre sua ausência. Ele afirmou que o foco de sua administração não está em eventos cerimoniais, mas na execução de obras que beneficiem a população de Minas Gerais. “O PT prometeu essa mesma obra nos 188 meses de governo, mas não entregou. Por isso, quando for colocar máquina na pista, fiscalizar ou inaugurar trechos da obra na BR-381, eu estarei à disposição. Meu foco é trabalhar, não perder tempo com eventos burocráticos”, publicou Zema, reafirmando seu compromisso com a ação concreta em vez de promessas não cumpridas.

A BR-381: Uma Rodovia Crucial para Minas Gerais

A BR-381, também conhecida como “Rodovia da Morte”, é uma das principais vias que ligam Minas Gerais a São Paulo e possui um histórico de altos índices de acidentes devido à precariedade de sua infraestrutura. O processo de concessão da rodovia visa atrair investimentos privados para a revitalização e melhoria da segurança da estrada, com um compromisso de obras que, segundo os especialistas, são urgentes.

Zema, embora crítico do evento, afirmou que sua administração está focada em garantir que a execução das obras seja feita de maneira eficaz, sem cair na “burocracia” que, em sua visão, tem atrasado o progresso no país. Sua postura reflete uma constante preocupação com a gestão e a execução de projetos essenciais para o desenvolvimento de Minas Gerais, em detrimento de gestos simbólicos.

Conclusão

O desentendimento entre Zema e Lula reflete a persistente tensão entre os governos estaduais e federal, especialmente em temas relacionados à gestão financeira e à execução de obras públicas. A crítica de Lula à postura de Zema em relação ao PROPAG e à sua ausência no evento de concessão da BR-381 demonstram a profundidade das divergências entre os dois, que vão além das diferenças partidárias, tocando questões de prioridade administrativa e política.

Ao mesmo tempo, a resposta de Zema, com foco na sustentabilidade fiscal de Minas Gerais e na busca por justiça na renegociação das dívidas estaduais, evidencia um compromisso com a governabilidade que privilegia a ação concreta em detrimento de disputas retóricas. A resolução das tensões entre o governo estadual e federal, especialmente no que se refere ao pagamento das dívidas e à execução de obras essenciais, será crucial para o futuro econômico de Minas Gerais e do Brasil. O que fica claro é que, enquanto Zema busca soluções práticas, Lula se mantém firme em sua posição política e de governança. O tempo dirá qual dessas abordagens prevalecerá.

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