Telma Abrahão lança a primeira pós-graduação no Brasil dedicada a Neurociência, Trauma e Saúde Mental
A crescente compreensão sobre os efeitos dos traumas da infância na saúde mental e física tem se tornado uma questão de saúde pública global. No Brasil, um passo importante foi dado pela biomédica e especialista em neurociências, Telma Abrahão, com o lançamento da primeira pós-graduação no país dedicada ao estudo de Neurociência, Trauma e Saúde Mental. A formação inovadora visa capacitar profissionais da saúde e da educação a entenderem as raízes dos problemas de saúde integral e a intervir de maneira mais eficaz nas consequências de experiências adversas vividas na infância.
O Impacto Duradouro dos Traumas Infantis
O trauma infantil é mais do que uma questão de sofrimento emocional. De acordo com o Estudo ACEs (Adverse Childhood Experiences), realizado pelo CDC em parceria com a Kaiser Permanente, os traumas vividos na infância têm um impacto direto na saúde ao longo da vida. Indivíduos expostos a experiências adversas apresentam um risco significativamente maior de desenvolver doenças mentais, como a depressão, e físicas, como doenças pulmonares e cardíacas. O estudo mostrou que esses indivíduos têm, por exemplo, 460% mais chances de sofrer de depressão e 300% mais risco de desenvolver doenças pulmonares.
A especialista Telma Abrahão ressalta que compreender esses efeitos é essencial para a construção de estratégias de prevenção. “Os traumas da infância não apenas moldam o comportamento, mas também afetam profundamente a saúde física e emocional. Precisamos olhar para essas marcas com mais atenção, pois elas influenciam diretamente a qualidade de vida ao longo dos anos”, explica.
O Desafio da Formação Profissional no Brasil
Apesar de avanços internacionais, no Brasil ainda há uma falta de formação adequada sobre os efeitos do trauma infantil na saúde e no comportamento humano. Profissionais de diversas áreas, como médicos, psicólogos e pedagogos, muitas vezes não têm a formação necessária para reconhecer e intervir nesses problemas de forma eficaz. Telma Abrahão aponta que muitos currículos acadêmicos ainda não incluem a conexão entre as adversidades da infância e os problemas de saúde que surgem na vida adulta. “É necessário mudar essa realidade com urgência, para capacitar os profissionais que lidam com a saúde, a educação e o comportamento humano”, alerta.
A Pós-Graduação que Está Mudando o Rumo da Saúde no Brasil
Em resposta a essa lacuna, Telma Abrahão criou a primeira pós-graduação no Brasil focada especificamente em Neurociência, Trauma e Saúde Mental. Com uma abordagem que abrange neurociência, neurobiologia, epigenética e psiconeuroimunologia, o curso visa formar profissionais capazes de entender e lidar com as consequências dos traumas na saúde integral do indivíduo. A pós-graduação oferece aulas ministradas por especialistas renomados, como o psicoterapeuta Dr. Gabor Maté e o neurocientista Dr. Bruce D. Perry, ambos de renome internacional.
“Com base em estudos de ponta, nossa proposta é transformar a forma como lidamos com saúde e comportamento no Brasil. É uma oportunidade de interromper ciclos de sofrimento e promover saúde integral”, afirma Telma. A formação visa não apenas melhorar os atendimentos individuais, mas também inspirar políticas públicas que adotem uma abordagem mais preventiva e eficaz.
A Transmissão dos Traumas: O Impacto da Epigenética
Além das repercussões emocionais e comportamentais, os traumas da infância têm mostrado também efeitos no nível biológico. Estudos recentes de epigenética revelam que experiências adversas podem alterar a expressão genética e afetar as gerações futuras. Essas alterações podem perpetuar ciclos de vulnerabilidade, criando padrões de sofrimento que se tornam mais difíceis de quebrar.
“Essas marcas podem perpetuar ciclos de sofrimento, criando um padrão de vulnerabilidade que precisa ser interrompido por meio de intervenções conscientes e eficazes”, explica Telma. A especialista alerta que, sem ações efetivas, os impactos negativos podem se espalhar de uma geração para outra.
O Efeito no Cérebro: Como os Traumas Moldam a Mente
Estudos da neurociência mostram que os traumas infantis alteram o desenvolvimento de estruturas cerebrais importantes, como o córtex pré-frontal, que regula decisões, e o hipocampo, responsável pela memória e regulação emocional. Uma pesquisa da Universidade de Harvard demonstrou que adultos que passaram por adversidades na infância apresentam maior ativação da amígdala, a região do cérebro associada ao medo, mesmo em situações de segurança.
Essas alterações cerebrais refletem comportamentos e relações na vida adulta. Indivíduos que sofreram abusos ou negligência frequentemente enfrentam dificuldades em formar vínculos saudáveis e são mais propensos a transtornos como ansiedade e depressão. “O impacto é profundo e demanda atenção. Precisamos investir na compreensão desses mecanismos para oferecer soluções mais assertivas e humanas”, enfatiza Telma.
Prevenção: A Chave para um Futuro Mais Saudável
Além do tratamento, a prevenção é um ponto crucial na abordagem dos traumas infantis. Estratégias como a promoção da autorregulação emocional e o fortalecimento de laços afetivos seguros têm mostrado ser eficazes na mitigação dos impactos de experiências adversas. A disseminação de práticas baseadas em evidências científicas é um passo fundamental para criar uma sociedade mais saudável e resiliente.
“Investir na infância e na prevenção de traumas é a chave para transformar vidas e garantir um futuro melhor para as próximas gerações. Precisamos entender que cuidar das crianças de hoje é cuidar da sociedade de amanhã”, conclui Telma Abrahão.
Conclusão
A pós-graduação lançada por Telma Abrahão representa um marco para a saúde no Brasil, abordando de maneira integrada as questões relacionadas aos traumas infantis e suas consequências ao longo da vida. A compreensão dos mecanismos cerebrais e biológicos envolvidos, juntamente com a capacitação de profissionais da saúde, pode significar uma mudança significativa na forma como lidamos com a saúde mental e emocional. Ao adotar uma abordagem mais preventiva e embasada em evidências, o Brasil tem a oportunidade de interromper ciclos de sofrimento e promover um futuro mais saudável para as próximas gerações.