Economia

Déficit fiscal no Brasil é gerenciável, mas exige maior rigor, afirma André Esteves

Em evento recente, o banqueiro André Esteves classificou o déficit fiscal do Brasil como “irrelevante” no atual cenário econômico global, mas destacou a necessidade de maior disciplina fiscal para garantir a sustentabilidade das contas públicas no médio e longo prazo. Esteves, sócio do BTG Pactual, analisou a situação fiscal do país em um contexto de desafios internos e externos que requerem decisões estratégicas para manter o crescimento econômico.

O cenário do déficit fiscal

De acordo com Esteves, o déficit atual, embora significativo, é pequeno em relação à economia brasileira e ao que se observa em outros países emergentes. “Estamos longe de um cenário de colapso fiscal”, afirmou, destacando que o Brasil ainda possui instrumentos para gerenciar sua dívida pública, como políticas monetárias e fiscais ajustadas.

Ainda assim, ele enfatizou que o equilíbrio das contas públicas é crucial para manter a confiança do mercado e evitar pressões inflacionárias que poderiam comprometer a recuperação econômica.

Necessidade de disciplina fiscal

Para Esteves, a questão central não é a existência do déficit em si, mas a falta de rigor em controlar os gastos e implementar reformas estruturais. Ele apontou que medidas de curto prazo, como aumento de arrecadação e corte de despesas, podem ajudar, mas que são as reformas de longo prazo que garantirão a sustentabilidade fiscal.

“Precisamos de um sistema tributário mais eficiente e de gastos públicos alinhados às prioridades reais do país. Sem isso, o déficit pode se tornar um problema maior no futuro”, afirmou.

Comparação internacional

Esteves também colocou o caso brasileiro em perspectiva global, mencionando que grandes economias, como os Estados Unidos, operam com déficits fiscais muito superiores ao do Brasil. No entanto, ele ressaltou que países emergentes não têm o mesmo espaço de manobra por enfrentarem maior sensibilidade do mercado e limitações na emissão de dívida em moeda estrangeira.

“O Brasil tem uma vantagem competitiva ao financiar sua dívida majoritariamente em moeda local, mas isso não significa que podemos relaxar”, disse.

Impactos do déficit na economia brasileira

O déficit fiscal afeta diretamente a percepção de risco do Brasil, influenciando o custo do crédito e as taxas de juros. Um descontrole nas contas públicas pode levar a:

  1. Aumento do endividamento público e maior pressão sobre o orçamento do governo.
  2. Deterioração do rating soberano, dificultando o acesso a investimentos estrangeiros.
  3. Elevação do risco-país, que impacta o custo de financiamento para empresas privadas.

Propostas para uma gestão mais eficiente

Entre as soluções sugeridas por especialistas do mercado, incluindo Esteves, estão:

  • Reforma administrativa para reduzir custos com a máquina pública.
  • Reforma tributária que simplifique o sistema e amplie a base de arrecadação.
  • Maior transparência nos gastos públicos, com foco em áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura.

Reformas estruturais como chave para o crescimento

Esteves defendeu a aprovação de reformas estruturais como forma de garantir que o déficit não se transforme em um obstáculo para o crescimento. Ele citou a reforma tributária em tramitação no Congresso como uma oportunidade para impulsionar a competitividade do país e ampliar a base de arrecadação sem aumentar a carga tributária.

Confiança do mercado

Por fim, Esteves destacou que a confiança do mercado no governo brasileiro dependerá da capacidade de apresentar um plano fiscal crível e de cumprir as metas estabelecidas. Ele elogiou a postura do atual governo em buscar maior previsibilidade econômica, mas alertou que promessas precisam ser traduzidas em ações concretas.

“A responsabilidade fiscal é o alicerce para qualquer estratégia de crescimento sustentável. Sem ela, ficamos vulneráveis a choques externos e a volatilidades que poderiam ser evitadas”, concluiu.

Perspectivas futuras

Com o debate sobre o déficit fiscal ganhando destaque, especialistas e investidores aguardam os próximos passos do governo brasileiro, especialmente no que diz respeito à aprovação de reformas e ao cumprimento do arcabouço fiscal. O ano de 2024 será decisivo para definir a trajetória das contas públicas e a capacidade do Brasil de manter um crescimento econômico robusto e sustentável.

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