Banco Central intervém novamente e injeta US$ 3 bilhões para conter disparada do dólar
O Banco Central realizou, nesta quarta-feira (11), uma nova intervenção no mercado de câmbio ao vender US$ 3 bilhões em contratos de swap cambial. A medida tem como objetivo segurar a recente alta do dólar, que tem pressionado a moeda brasileira e gerado preocupação entre investidores e empresas com exposição ao mercado externo.
Essa é a segunda intervenção expressiva do BC na semana, somando cerca de US$ 6 bilhões em operações para controlar a volatilidade cambial. A atuação reflete as fortes tensões globais, combinadas a fatores internos que têm contribuído para a desvalorização do real.
Por que o dólar está subindo?
A alta do dólar tem raízes em uma série de fatores globais e domésticos, incluindo:
- Cenário externo desfavorável:
- O mercado internacional segue em alerta com as decisões do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, sobre juros mais altos e por mais tempo. O dólar se fortalece globalmente, atraindo investidores para ativos seguros nos EUA.
- Tensionamentos geopolíticos, como o conflito no Oriente Médio e a guerra entre Rússia e Ucrânia, elevam a aversão ao risco, impactando moedas de economias emergentes, como o real.
- Incertezas internas:
- No Brasil, os investidores demonstram preocupações com a política fiscal, o aumento dos gastos públicos e o cenário de inflação, que afeta a confiança na moeda brasileira.
- Discussões no Congresso sobre novas medidas econômicas e o potencial crescimento da dívida pública aumentam a percepção de risco.
- Pressão sobre emergentes:
- Países emergentes, como o Brasil, costumam sofrer mais em períodos de incerteza, já que os investidores migram capital para ativos considerados mais seguros.
A intervenção do Banco Central
O Banco Central realizou a venda de swaps cambiais, um instrumento financeiro que funciona como uma venda de dólares no mercado futuro. Essa operação aumenta a oferta da moeda, reduzindo a pressão no câmbio e ajudando a estabilizar a cotação do dólar.
A venda de US$ 3 bilhões desta quarta-feira se soma a intervenções anteriores que vêm sendo realizadas desde o início do ano, totalizando quase US$ 20 bilhões em operações cambiais no acumulado de 2024.
O BC ressaltou, em nota oficial, que suas ações têm o objetivo de:
“Garantir o bom funcionamento do mercado cambial e conter movimentos especulativos, sem interferir no regime de câmbio flutuante adotado pelo país.”
Impactos da alta do dólar
A valorização do dólar afeta diretamente diversos setores da economia brasileira, com impactos tanto positivos quanto negativos:
- Importações mais caras: Produtos importados, como combustíveis, eletrônicos, peças automotivas e medicamentos, ficam mais caros, pressionando a inflação.
- Alta nos combustíveis: O petróleo é cotado em dólar, e o aumento da moeda americana eleva o preço da gasolina e do diesel.
- Benefício para exportadores: Empresas que exportam produtos, como as do agronegócio, podem ser beneficiadas, já que recebem em dólar e têm mais rentabilidade.
- Dívidas em dólar: Companhias e o governo com dívidas atreladas à moeda norte-americana enfrentam aumento no custo do serviço dessas dívidas.
Reações do mercado
A intervenção do BC gerou uma leve queda no dólar logo após o anúncio da venda de swaps, mas a moeda ainda encerrou o dia em alta de 0,3%, cotada a R$ 5,47.
Analistas do mercado financeiro avaliam que, embora as intervenções sejam importantes para conter movimentos especulativos, o dólar deve continuar pressionado enquanto persistirem os fatores externos e as incertezas fiscais internas.
O economista-chefe da XP Investimentos, Lucas Almeida, comenta:
“A atuação do BC é uma medida emergencial, mas o câmbio reflete os fundamentos econômicos do país e o cenário global. Enquanto os juros americanos seguirem em alta e o Brasil não apresentar sinais claros de ajuste fiscal, a pressão sobre o real deve continuar.”
O que esperar?
Para os próximos dias, o mercado ficará atento às declarações do Banco Central, que deve continuar monitorando a volatilidade cambial. Além disso, o avanço das reformas econômicas no Congresso e os dados de inflação serão determinantes para a confiança dos investidores e o comportamento do câmbio.
No cenário global, as atenções estarão voltadas para as próximas decisões do Federal Reserve e para os desdobramentos dos conflitos internacionais, que influenciam diretamente a valorização do dólar.
Conclusão
O Banco Central segue atuando de forma contundente no mercado para segurar a alta do dólar, em meio a um cenário desafiador tanto no Brasil quanto no exterior. A venda de US$ 3 bilhões em swaps cambiais representa um esforço para conter a volatilidade e evitar impactos maiores na inflação e no custo de vida.
No entanto, especialistas alertam que as intervenções, por si só, não resolvem os problemas estruturais da economia brasileira, que dependem de ajustes fiscais, reformas e uma agenda de crescimento econômico sustentável.