Mercados europeus despencam após Fed sinalizar menos relaxamento monetário nos EUA
As principais bolsas da Europa encerraram esta quinta-feira (19) com quedas acentuadas, refletindo o impacto das recentes sinalizações do Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos. O banco central norte-americano indicou que pode manter uma política monetária mais restritiva por mais tempo, frustrando as expectativas de investidores que esperavam cortes nos juros em 2024.
Quedas significativas nos índices
Os principais índices europeus registraram fortes baixas no fechamento do mercado:
- O Stoxx 600, que reúne ações de 17 países europeus, caiu 2,1%, alcançando seu pior desempenho semanal desde o início do ano.
- O FTSE 100 de Londres recuou 1,9%, pressionado principalmente por ações de mineradoras e empresas do setor de energia.
- Em Frankfurt, o DAX perdeu 2,4%, com destaque para as quedas no setor automotivo e tecnológico.
- O CAC 40, de Paris, caiu 2,3%, afetado por vendas massivas em empresas do setor de luxo, sensíveis ao desempenho da economia global.
Impacto do Federal Reserve
As declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, durante uma coletiva na quarta-feira (18), destacaram a preocupação com a inflação resiliente nos Estados Unidos. Powell reforçou que, apesar dos sinais de desaceleração, ainda é cedo para considerar cortes na taxa básica de juros, que permanece em níveis historicamente elevados.
Essa perspectiva reduziu o apetite por risco nos mercados globais, aumentando a aversão a ativos mais vulneráveis, como ações de empresas europeias que dependem de exportações.
Reflexos no mercado de câmbio e de títulos
Além das quedas nas bolsas, o mercado de câmbio também foi impactado. O euro caiu em relação ao dólar, sendo negociado abaixo de US$ 1,05, refletindo a percepção de maior força econômica dos EUA em relação à Europa.
No mercado de títulos, os rendimentos dos bonds soberanos da zona do euro subiram, acompanhando o movimento dos títulos do Tesouro dos EUA, à medida que os investidores ajustaram suas expectativas de juros futuros.
Setores mais atingidos
Entre os setores que mais sofreram com a turbulência estão:
- Bens de luxo: Marcas como LVMH e Hermès recuaram mais de 3% devido às preocupações com a desaceleração global, especialmente na China, um dos maiores mercados consumidores do segmento.
- Tecnologia: Empresas europeias de tecnologia, como SAP e ASML, registraram quedas significativas, acompanhando o desempenho negativo do setor nos EUA.
- Energia: Com a queda nos preços do petróleo, grandes empresas do setor, como Shell e BP, também fecharam no vermelho.
Reações de analistas
Especialistas alertam que o movimento de queda nas bolsas pode continuar caso as condições econômicas globais permaneçam desafiadoras.
“A combinação de inflação alta, juros elevados e sinais de desaceleração global está pesando sobre o mercado. Os investidores estão reavaliando suas posições, especialmente em setores mais sensíveis ao crescimento econômico”, afirmou um estrategista de mercado em Londres.
Expectativas para o Banco Central Europeu
A postura do Fed também coloca pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE), que enfrenta dilemas semelhantes no combate à inflação, mas com uma economia mais frágil. A próxima reunião do BCE será observada de perto, já que os investidores buscam pistas sobre os próximos passos da política monetária na região.
Cenário de incerteza global
A combinação de desafios econômicos nos Estados Unidos, Europa e China criou um cenário de incerteza que dificulta previsões otimistas para os mercados acionários. A alta nos custos de financiamento e as tensões geopolíticas adicionam camadas de complexidade ao panorama.
Conclusão
Os mercados europeus continuam sob forte pressão, refletindo um ambiente global de incertezas econômicas e monetárias. Investidores aguardam novos dados econômicos e sinalizações dos principais bancos centrais do mundo para ajustar suas estratégias em um momento de elevada volatilidade.