Campos Neto alerta para riscos de alterar meta fiscal em cenário de descumprimento
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (19) que qualquer tentativa de alterar a meta fiscal em um momento de descumprimento projetado pode trazer danos significativos à economia. Durante sua participação em um evento, Campos Neto destacou a importância de preservar a credibilidade fiscal do país como um fator essencial para a estabilidade econômica e a atração de investimentos.
Contexto da declaração
O governo federal enfrenta desafios para cumprir a meta de zerar o déficit fiscal em 2024, proposta pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A projeção atual sugere um rombo nas contas públicas, e surgiram discussões sobre a possibilidade de revisar a meta para acomodar a realidade fiscal.
Em meio a essas discussões, Campos Neto reforçou que alterações nesse momento poderiam ser vistas como um sinal de fraqueza no compromisso com o ajuste fiscal, gerando impactos negativos na confiança de investidores e no mercado.
Argumentos apresentados por Campos Neto
Segundo Campos Neto, mudanças na meta fiscal devem ser planejadas com antecedência e baseadas em análises robustas, evitando decisões que possam ser interpretadas como retrocessos. Ele ressaltou que:
- Credibilidade fiscal é um ativo valioso: Alterar a meta em um cenário de descumprimento pode sugerir falta de compromisso com o equilíbrio das contas públicas.
- Impacto nos juros e na inflação: A perda de confiança fiscal pode resultar em aumento da percepção de risco, pressionando os juros futuros e, potencialmente, a inflação.
- Efeito sobre o câmbio: A incerteza fiscal pode levar a uma desvalorização do real, prejudicando ainda mais a economia.
“É importante que as metas sejam respeitadas e que haja transparência na comunicação sobre os desafios fiscais”, afirmou Campos Neto.
Debate sobre a meta de 2024
A meta de déficit zero foi anunciada como parte de um esforço para melhorar a saúde fiscal do país, mas sua viabilidade tem sido questionada por analistas e membros do próprio governo. Alguns defendem uma abordagem mais flexível, argumentando que o cumprimento rígido da meta poderia comprometer investimentos essenciais.
Por outro lado, economistas alertam que flexibilizar metas fiscais pode gerar instabilidade no mercado, aumentando os custos de financiamento do governo e reduzindo a confiança de investidores.
Reação de outros setores
A declaração de Campos Neto gerou reações divergentes:
- Ministério da Fazenda: Embora sem resposta oficial, fontes próximas ao ministro Fernando Haddad indicaram que a equipe está buscando alternativas para aumentar a arrecadação e cortar despesas, tentando evitar mudanças na meta.
- Congresso Nacional: Parlamentares da base aliada têm se mostrado divididos sobre a rigidez da meta, com alguns defendendo ajustes para evitar cortes em programas sociais e investimentos estratégicos.
- Mercado financeiro: Investidores acompanharam de perto a fala do presidente do BC, destacando o papel da política fiscal como complemento à política monetária no combate à inflação.
Cenário econômico
A discussão sobre a meta fiscal ocorre em um contexto de desafios econômicos mais amplos. Com o crescimento econômico abaixo das expectativas e a inflação ainda em níveis preocupantes, a política fiscal torna-se uma variável crítica para a estabilidade do país.
Conclusão
As declarações de Campos Neto ressaltam a complexidade do dilema enfrentado pelo governo federal. Manter a credibilidade fiscal é crucial, mas o cumprimento da meta de déficit zero exige esforços significativos de ajuste. A decisão sobre o rumo fiscal em 2024 será determinante para o desempenho econômico e a confiança no Brasil nos próximos anos.