Economia

Com dólar a R$ 6,20, BC intensifica leilões e moeda recua; Ibovespa fecha em alta

Nesta terça-feira (17), o mercado financeiro foi marcado por forte volatilidade no câmbio e na bolsa de valores. Após atingir R$ 6,20 no início da tarde, o dólar começou a recuar após o Banco Central (BC) realizar o segundo leilão de dólares na mesma sessão. A intervenção do BC foi decisiva para conter a disparada da moeda americana, que encerrou o dia com uma leve desvalorização. No mercado acionário, o Ibovespa reagiu positivamente, encerrando a sessão em alta.

Intervenção do Banco Central

A cotação do dólar, que já vinha em trajetória de alta nos últimos dias, escalou rapidamente nas primeiras horas do pregão. O Banco Central, então, realizou dois leilões consecutivos de venda de dólares, no total de US$ 3 bilhões, para tentar conter a pressão cambial.

  • Primeira ação: Pela manhã, o BC injetou US$ 1 bilhão no mercado por meio de leilões de linha.
  • Segunda rodada: À tarde, com a moeda ultrapassando a marca de R$ 6,20, houve uma nova oferta de US$ 2 bilhões.

As intervenções foram bem-sucedidas em frear a alta e devolver alguma estabilidade ao mercado. A cotação do dólar fechou o dia a R$ 6,08, ainda alta no acumulado semanal, mas abaixo do pico registrado durante a sessão.

Fatores de Pressão no Câmbio

O movimento do dólar reflete uma combinação de fatores internos e externos:

  1. Cenário global: A política monetária restritiva dos Estados Unidos continua fortalecendo o dólar frente às moedas emergentes, com investidores buscando ativos considerados mais seguros.
  2. Incertezas fiscais no Brasil: A falta de clareza sobre o pacote fiscal e as metas de ajuste das contas públicas elevam a percepção de risco no país, intensificando a fuga de capital estrangeiro.
  3. Volatilidade política: As tensões no Congresso em torno de reformas estruturais, como a tributária, aumentam a insegurança entre investidores.

Efeito no Mercado de Ações

Enquanto o mercado de câmbio enfrentava turbulências, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou um desempenho positivo, fechando em alta de 1,2%, aos 120.350 pontos.

  • Setores em destaque: Papéis ligados a commodities, como mineração e petróleo, lideraram os ganhos, impulsionados por um dia positivo para os preços internacionais.
  • Empresas financeiras: Bancos também contribuíram para o desempenho do índice, beneficiados pela percepção de que o BC está comprometido em manter a estabilidade.

Reação dos Investidores

Os investidores reagiram positivamente à postura do Banco Central, que mostrou disposição para atuar de forma agressiva no controle do câmbio. A medida reforçou a confiança de que o BC continuará a intervir sempre que necessário para garantir a estabilidade dos mercados.

No entanto, analistas alertam que intervenções pontuais não são suficientes para conter a tendência de alta do dólar, que depende de uma melhora no ambiente fiscal e político doméstico.

Perspectivas para o Mercado

Olhando para frente, os próximos dias serão decisivos para determinar o rumo do câmbio e da bolsa no Brasil:

  • Reunião do Copom: O mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) forneça novos sinais sobre a política de juros, o que pode impactar diretamente a cotação do dólar.
  • Cenário internacional: Discursos de membros do Federal Reserve, banco central dos EUA, e dados econômicos globais continuarão influenciando o apetite por risco nos mercados emergentes.
  • Política fiscal: A aprovação de medidas do pacote fiscal no Congresso é vista como fundamental para reduzir a percepção de risco e trazer estabilidade ao mercado doméstico.

Conclusão

A intervenção do Banco Central foi crucial para conter a disparada do dólar, mas o episódio reforça a vulnerabilidade da economia brasileira frente a fatores externos e internos. A alta volatilidade deve persistir enquanto não houver sinais mais claros de estabilidade fiscal e política no país. Enquanto isso, o mercado seguirá atento aos próximos passos do BC e do governo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *