Economia

Compulsão por compras: como o descontrole financeiro levou dívida a R$ 240 mil e o que fazer para sair dessa situação

A compulsão por compras é um problema que afeta milhares de brasileiros, com consequências devastadoras para a saúde mental, os relacionamentos e a vida financeira. Relatos como o de pessoas que acumulam dívidas enormes em um curto período se tornam cada vez mais comuns. Um caso emblemático é o de uma consumidora que, ao somar suas dívidas, se deparou com a assustadora marca de R$ 240 mil.


O que é a compulsão por compras?

Também chamada de oniomania, a compulsão por compras é um transtorno psicológico caracterizado pela compra impulsiva e descontrolada de produtos, mesmo quando não há necessidade ou condições financeiras para isso.

Quem sofre do problema costuma sentir uma satisfação imediata ao realizar a compra, mas essa sensação é rapidamente substituída por sentimentos de culpa, frustração e arrependimento, criando um ciclo difícil de romper.


“Quando fui olhar, devia R$ 240 mil”

A história de uma mulher de 36 anos (nome fictício para proteger sua identidade) ilustra bem o impacto da compulsão por compras. Ela relata que sempre se considerou uma pessoa controlada até que o crédito fácil e o excesso de tentação fizeram com que perdesse o controle.

“Começou com pequenos gastos: uma bolsa aqui, um sapato ali. Quando vi, estava pegando empréstimos para pagar o cartão de crédito e usando outros cartões para cobrir as dívidas anteriores. Quando fui olhar, o buraco já estava em R$ 240 mil.”

As dívidas acumuladas incluíam limite estourado em cartões de crédito, cheque especial, empréstimos pessoais e financiamentos. O problema se agravou ao ponto de comprometer toda sua renda mensal com o pagamento de juros altíssimos.


Como identificar o transtorno

De acordo com psicólogos, existem alguns sinais de alerta para a compulsão por compras:

  1. Gastos impulsivos: compras feitas sem planejamento, motivadas por estresse, tristeza ou euforia.
  2. Uso frequente do crédito: uso excessivo do cartão ou empréstimos para cobrir gastos.
  3. Esconder compras e dívidas: sentir vergonha e esconder os produtos comprados de familiares.
  4. Comprometimento financeiro: endividamento ao ponto de afetar necessidades básicas, como alimentação e moradia.
  5. Satisfação temporária: sensação de prazer na compra que logo se transforma em arrependimento e culpa.

Causas e impactos

A compulsão por compras pode ter diferentes origens, como:

  • Fatores emocionais: ansiedade, depressão ou baixa autoestima;
  • Influências sociais: pressão do consumismo e das redes sociais, que reforçam a necessidade de ter mais bens materiais;
  • Recompensa psicológica: o ato de comprar libera dopamina, o neurotransmissor ligado ao prazer, criando um efeito similar ao vício em substâncias.

Além de prejudicar a vida financeira, a compulsão pode gerar estresse familiar, isolamento social, perda de autoestima e até o agravamento de problemas de saúde mental.


Como sair do ciclo das dívidas?

Para quem está preso em um ciclo de compras descontroladas, especialistas recomendam uma série de medidas:

  1. Reconheça o problema: Admitir que há um problema é o primeiro passo para buscar ajuda.
  2. Busque acompanhamento psicológico: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é indicada para tratar o transtorno e trabalhar as causas emocionais.
  3. Faça um diagnóstico financeiro: Levante todas as dívidas e gastos fixos para entender o tamanho do problema.
  4. Negocie as dívidas: Entre em contato com bancos e credores para renegociar os valores e buscar juros mais baixos. Feirões de renegociação, como os promovidos pelo Serasa e Procon, podem ajudar.
  5. Corte cartões e limite o crédito: Evite usar cartões de crédito ou cheque especial até recuperar o controle financeiro.
  6. Estabeleça um orçamento: Anote todas as entradas e saídas de dinheiro, priorizando despesas essenciais. Ferramentas de controle financeiro, como aplicativos, podem ser úteis.
  7. Substitua o hábito de compra: Encontre outras atividades que tragam prazer e bem-estar, como exercícios físicos, hobbies ou meditação.

O impacto do crédito fácil e do consumismo

O crédito fácil oferecido por bancos e fintechs, aliado ao marketing agressivo das marcas, torna ainda mais difícil para pessoas compulsivas evitarem gastos. Especialistas alertam que a educação financeira deveria ser incorporada desde cedo na vida das pessoas para evitar casos extremos.

O economista Marcelo Andrade explica:

“O crédito pode ser uma ferramenta poderosa, mas quando mal utilizado, torna-se uma bola de neve. O excesso de crédito somado a juros abusivos destrói a vida financeira de muitas pessoas.”


Conclusão

A compulsão por compras não é apenas um problema financeiro, mas um transtorno psicológico sério que requer atenção e tratamento. Reconhecer o problema, buscar ajuda profissional e adotar práticas saudáveis de controle financeiro são passos essenciais para retomar a qualidade de vida.

Histórias como a de quem acumulou R$ 240 mil em dívidas mostram que o problema pode atingir qualquer pessoa, independentemente da renda. O importante é entender que há solução e que, com disciplina e apoio adequado, é possível sair do endividamento e recuperar a saúde emocional e financeira.

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