Ipea revela os impactos do Acordo UE-Mercosul: Quem são os ganhadores e os perdedores?
O estudo mais recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traz uma análise detalhada sobre as implicações do Acordo de Associação entre a União Europeia e o Mercosul, firmado em 2019. De acordo com a pesquisa, o tratado pode ter efeitos significativos nas economias dos países membros do bloco sul-americano, com alguns setores se beneficiando mais do que outros. O levantamento aponta que, enquanto algumas áreas da economia brasileira devem prosperar com a abertura de novos mercados, outras podem enfrentar desafios diante da competição internacional intensificada.
Impactos Setoriais
Entre os setores que mais devem se beneficiar, o agronegócio se destaca, especialmente no que se refere à exportação de carnes, açúcar, café e etanol para a Europa. O aumento da competitividade das exportações brasileiras, impulsionado pela redução de tarifas e pela eliminação de barreiras comerciais, tende a fortalecer a posição do Brasil como fornecedor global desses produtos. A expectativa é de que a remoção das barreiras tarifárias resulte em um aumento significativo nas exportações desses produtos, beneficiando diretamente produtores e exportadores.
No entanto, nem todos os setores compartilham desse otimismo. A indústria brasileira, especialmente os setores de manufatura mais intensivos em mão de obra, pode enfrentar dificuldades devido à concorrência de empresas europeias, que têm vantagens em termos de tecnologia e produtividade. O acordo pode resultar em uma maior exposição dessas indústrias a produtos importados, o que pode diminuir a competitividade de certos segmentos da economia nacional. Entre os mais impactados estão os setores têxtil, calçadista e de autopeças.
Ajustes Necessários
O estudo também aponta a necessidade de um acompanhamento rigoroso dos impactos a longo prazo, sugerindo que o Brasil adote políticas públicas para mitigar os efeitos negativos do acordo. A adoção de medidas de requalificação profissional e de inovação tecnológica são algumas das estratégias sugeridas para ajudar setores vulneráveis a enfrentar a competição externa. Além disso, o governo deverá garantir que os benefícios do acordo cheguem de maneira equitativa para todas as regiões do Brasil, especialmente as que já enfrentam dificuldades econômicas.
Desafios e Oportunidades para o Brasil
O Ipea destaca que, embora o acordo tenha o potencial de fortalecer a economia brasileira em alguns aspectos, a transição para uma maior abertura comercial exigirá ajustes significativos. Para maximizar os benefícios e minimizar os custos, será essencial que o Brasil desenvolva políticas econômicas eficazes que favoreçam a modernização da indústria e a diversificação das exportações.
Por outro lado, a ampliação do mercado europeu pode representar uma grande oportunidade para o Brasil diversificar suas relações comerciais e diminuir sua dependência de mercados tradicionais, como os Estados Unidos e a China. Com isso, o Brasil pode consolidar sua posição no comércio internacional e ampliar sua presença em setores de alto valor agregado.
Conclusão:
O acordo UE-Mercosul apresenta uma série de desafios e oportunidades para a economia brasileira. Enquanto setores estratégicos como o agronegócio podem se beneficiar enormemente, outras indústrias precisarão de apoio governamental para se adaptar ao novo cenário de maior competitividade. O estudo do Ipea mostra que a chave para o sucesso do Brasil será a capacidade de adaptar suas políticas econômicas para tirar proveito das oportunidades enquanto mitiga os riscos associados às mudanças do comércio internacional.