Governo francês rejeita chantagens e reafirma compromisso com responsabilidade fiscal
O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, declarou nesta segunda-feira (2) que o governo não cederá a chantagens e reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal. A fala ocorre em meio a negociações no Parlamento sobre o orçamento para 2024, que tem gerado tensões políticas e sociais.
Contexto das declarações
A declaração de Le Maire veio após críticas de opositores e pressões de grupos políticos por maiores gastos públicos, especialmente em áreas como educação, saúde e combate à pobreza. O ministro enfatizou que a estabilidade fiscal é crucial para o futuro econômico do país e para manter a confiança dos mercados financeiros.
“Não aceitaremos chantagens. O equilíbrio das contas públicas é uma prioridade inegociável”, afirmou Le Maire durante entrevista coletiva.
Medidas previstas no orçamento
O orçamento proposto pelo governo prevê:
- Redução do déficit público para 4,4% do PIB em 2024, com meta de atingir 3% até 2027, conforme os critérios da União Europeia.
- Cortes em subsídios de energia, adotados durante a crise do gás, com foco em consumidores mais vulneráveis.
- Aumento moderado de impostos para grandes empresas e ajustes em deduções fiscais para setores específicos.
- Investimentos em transição energética e digitalização, considerados estratégicos para o crescimento sustentável.
Reação da oposição
Os partidos de oposição acusaram o governo de priorizar cortes orçamentários em áreas sensíveis, como o sistema de saúde e a educação, enquanto mantém benefícios para grandes corporações. Parlamentares de esquerda classificaram o orçamento como “insensível” às necessidades da população, enquanto grupos da direita criticaram o aumento da carga tributária.
Pressão social
Além do embate político, o governo enfrenta manifestações de sindicatos e movimentos sociais, que pedem maior apoio às classes trabalhadoras e aposentados. As negociações sobre a reforma da previdência, recentemente aprovada, também contribuíram para a insatisfação de diversos setores da sociedade.
Compromisso com metas europeias
Le Maire reforçou que a França está comprometida em respeitar as metas fiscais estabelecidas pela União Europeia, mesmo em um cenário de desaceleração econômica. O ministro alertou que o descontrole das contas públicas poderia levar a um aumento nos custos de financiamento da dívida, prejudicando a recuperação econômica no médio prazo.
“Devemos mostrar disciplina. A dívida pública da França atingiu níveis históricos, e nossa responsabilidade é garantir que ela permaneça administrável para as próximas gerações”, declarou.
Resiliência econômica
Apesar das críticas, o governo destaca sinais de resiliência na economia francesa, incluindo:
- Um leve crescimento do PIB no terceiro trimestre de 2023.
- Taxas de desemprego em queda, embora ainda elevadas em comparação com outros países europeus.
- Avanços em investimentos privados, especialmente nos setores de tecnologia e energia renovável.
Projeções futuras
Analistas econômicos avaliam que o governo enfrentará um desafio duplo: sustentar a disciplina fiscal e atender às demandas sociais em um contexto de desaceleração global. A abordagem de Le Maire reflete a tentativa de equilibrar esses objetivos, mas os próximos meses serão decisivos para testar a viabilidade de suas políticas.
Conclusão
O discurso firme de Bruno Le Maire marca um momento crítico para a política econômica da França. Ao rejeitar pressões externas e internas por mudanças no orçamento, o governo busca consolidar sua posição como defensor da estabilidade fiscal, mesmo diante de crescentes desafios políticos e sociais.